Modelos de Assistência Paliativa: O Hospital do Servidor do Estado de São Paulo


O HSPE-FMO (Hospital do Servidor do Estado de São Paulo - Francisco Morato de Oliveira) foi inaugurado em 9 de julho de 1961 e vem sendo mantido pelo Instituto de Assistência Médica ao Servidor Público Estadual (IAMSPE ), uma autarquia ligada à Secretaria Estadual de Saúde cujo principal objetivo é prestar atendimento médico aos funcionários públicos estaduais, seus dependentes e agregados. Localizado na Rua Pedro de Toledo, 1800, Vila Clementino, em São Paulo, capital, conta atualmente com 1.150 leitos e responde por aproximadamente três milhões de pessoas, o que equivale a 7,5 % da população do Estado e cerca de 3.100 atendimentos diários entre ambulatório e Pronto Socorro. Possui 45 serviços (especialidades) médicos, além de oito serviços não médicos – como nutrição, fonoaudiologia e fisioterapia. Todo mês são realizadas por volta de 1.200 cirurgias e mais de 310 mil exames laboratoriais. O serviço de cuidados paliativos do HSPE-FMO começou em agosto de 2000, com a experiência da Dra Maria Goretti e sua equipe em torno do Programa de Cuidados Paliativos, dentro da Assistência Domiciliar desse hospital. Em 26 de dezembro de 2002 nasceu a enfermaria de cuidados paliativos, localizada no 12o andar, com acesso à direita de quem sai do elevador da ala direita, contendo nove suítes, com duas camas devidamente preparadas para acomodar paciente e acompanhante, cadeira, mesa de apoio e guarda-roupa. As suítes, com dimensões aproximadas de 4x4 m, estão equipadas com oxigênio, campainha ligada a sala de enfermagem, são bem iluminadas e ventiladas por meio natural, graças à janela de vidro que ocupa 2/3 da parede leste, favorecendo inclusive uma bela vista da cidade de São Paulo. Caso haja a necessidade de controlar a claridade ou ventilação, a janela conta com sistema de fechamento completo e cortina para bloqueio de aproximadamente 60% da claridade solar. Infelizmente, os banheiros ainda não possuem sistema anti-queda, o que pode ser um problema, especialmente para aqueles pacientes que gozam de autonomia na hora do banho. Qualquer meio de entretenimento, tais como televisor ou aparelho de som devem ser de propriedade dos usuários. Em junho de 2003 foi inaugurada a galeria professor doutor Marco Túlio de Assis Figueiredo, onde funciona a atual unidade de cuidados paliativos. Essa galeria é uma homenagem ao professor da disciplina eletiva de cuidados paliativos, chefe do ambulatório de cuidados paliativos da Unifesp/EPM e um dos sócios fundadores da International Association for Hospice and Palliative Care. Segundo a Dra Maria Goretti, «Marco Túlio é o pai dos cuidados paliativos no Brasil». A galeria está toda decorada com quadros da artista plástica pernambucana (a Dra Maria Goretti também é pernambucana) Fátima Ciel, com um total de 11 telas, que segundo a revista Prática Hospitalar (ano V, n.28, jul-ago 2003) foi intitulada de «Momentos» e pintada enquanto ela perdia um ente querido numa Unidade de Terapia Intensiva (UTI) de um hospital particular sem o conforto da família. A doação foi feita pela artista como forma de reconhecimento pela importância do trabalho humanizado realizado pelo HSPE-FMO. A presença da arte numa enfermaria onde se presta assistência à terminalidade da vida não é um mero adereço, é parte essencial da política dos cuidados paliativos, que procura manter os prazeres da vida junto à assistência. Estima-se que mais de 2 mil pacientes já tenham sido atendidos. Cerca de 50% deles foram assistidos e acompanhados em domicílio, os demais passaram por internações de 10 a 15 dias. Dependendo das condições do enfermo, o objetivo é mantê-lo o maior tempo possível em casa, pois, acredita-se que a qualidade de vida é maior com o amparo da família. Atualmente, essa equipe atende e acompanha 70 pacientes em domicílio. De acordo com os relatos dos profissionais envolvidos, a equipe multidisciplinar é composta por três médicos, quatro enfermeiras, 15 auxiliares e técnicos de enfermagem, uma psicóloga, uma assistente social e três voluntários que prestam assistência espiritual. Além destes, a enfermaria também recebe apoio de outros serviços do hospital, como nutrição, transportes, limpeza e da própria assistência domiciliar, bem como, da prática do estágio supervisionado. Em janeiro desse ano (2007) essa unidade tornou-se, pela primeira vez, campo de estágio dos alunos da disciplina ministrada pelo prof Dr. Marco Túlio, o que foi conseguido graças aos seus esforços e os da Dra Maria Goretti, que juntos lutaram durante quase um ano para conseguir a anuência da direção do hospital. Após a autorização do Superintendente, da Diretora e do Centro de Ensino do HSPE-FMO, os estudantes puderam enfim iniciar o estágio, que ocorre em tempo integral de sete a dez dias, durante as férias acadêmicas. Em setembro, quando estive por lá, conheci também residentes da clínica médica, cuja passagem por essa unidade é obrigatória. O intuito dessa prática, de acordo com a Dra Maria Goretti, é proporcionar aos residentes de medicina a oportunidade de aprenderem na prática o que descobrem com as disciplinas teóricas acerca de cuidados paliativos, além de sensibilizá-los para essa realidade.

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