Artista plástico alemão quer exibir um moribundo num museu


Rede Globo de Televisão fala, no Jornal Hoje, sobre Direitos Sociais dos Moribundos

Os Direitos Sociais dos Moribundos foram temas de duas reportagens exibidas pela Rede Globo de Televisão entre os dias 23 e 24 de abril, no Jornal Hoje . O mesmo assunto é alvo da tese e publicação do filósofo Ayala Gurgel, membro dessa sociedade, em seu livro: Direitos Sociais dos Moribundos (São Luís, EdUFMA, 2008). Veja o vídeo no qual o Jornal Hoje, do dia 23 de abril de 2009, exibe a primeira parte da matéria. (Para assisti-lo copie o link abaixo, abra uma nova aba no seu navegador e cole-o no endereço) http://g1.globo.com/jornalhoje/0,,MUL1095812-16022,00-PORTADORES+DE+DOENCAS+GRAVES+DEVEM+CONHECER+SEUS+DIREITOS.html A segunda parte da matéria foi publicada em reportagem exibida no dia 24 de abril. (Para assisti-lo copie o link abaixo, abra uma nova aba no seu navegador e cole-o no endereço) http://g1.globo.com/jornalhoje/0,,MUL1097196-16022,00-CONHECA+DEFICIENTES+QUE+CONSEGUIRAM+ISENCAO+DE+IMPOSTOS.html Iniciativas como essas são muito importantes, especialmente pelo poder de influência que esse canal de televisão possui.

Modelos de Assistência Paliativa: O Hospital do Servidor do Estado de São Paulo


MANIFESTO AOS PADEIROS

O clima esquentou depois que mandei o Monthy Pyton? (vide post anterior a este) Acusaram esse blog de "banalizar" a morte? Ora cavalheiros, olhem a sua volta. A morte está banalizada porque a vida tornou-se banal. E, em muitos aspectos, ela está banalizada porque estamos dando a mínima para quem está a nossa volta. Uma das funções aqui na Thanatos talvez seja "esfregar" na cara de todo mundo a condição de mortalidade, que desperta a alma para a nossa vulnerabilidade nessa terceira pedrinha que orbita o sol. Precisamos nos sentir vulneráveis. A maioria de nós está mais confiante na imortalidade como os passageiros no dia que embarcaram no Titanic Presunçosos? Banalizadores? Acaso devemos nos cercar da seriedade do guardião da biblioteca de "O Nome da Rosa"? Talvez o que seja "banalizar" para alguns possa ser uma forma de mostrar aos outros, com alguma graça e leveza, a dor e o sofrimento desse mundo. No fim das contas estamos todos agindo feito crianças, rindo daquilo que nos causa medo. Mas o riso talvez seja uma forma de sinalizar ao mundo que precisamos ver a morte com outros olhos para fugir isso sim da banalização da vida. Ora, não existe uma vida que se opõe a morte na arte. Devemos nos libertar dessas falsas dicotomias. Vida e morte formam uma totalidade e se nos sentimos incomodados ou ofendidos com a morte sendo utilizada como matéria prima da arte, talvez tenhamos que parar para refletir o quanto não estamos vendo mais a vida pulsante nas canções, nos quadros, nas esculturas, no cinema. Não que ela não esteja lá, mas porque nós, ao negarmos doentiamente a morte, mesmo com a erudição e a sofisticação dos filósofos e dos literatos, estamos na verdade nos negando a perceber a VITALIDADE em sua unidade mais bela. Eros e Thanatos são irmãos xipófagos, um não vive sem o outro. A iminência da morte, ter que conviver com ela mesmo que de soslaio mas sabendo que ela está ali, nos mostra a face do homem diante de seu maior mistério, medo e vulnerabilidade. Por isso, o personagem de Remarque em "Nada de Novo no Front" se desespera quando é obrigado a conviver numa trincheira com o soldado francês agonizante que ele mesmo feriu. Frente a frente, olho no olho, em situação que não exigia mais a ferocidade aliada à desconstrução da imagem humana, o soldado podia ver aquilo que o outro realmente era: um ser humano apesar de francês, um ser humano apesar de inimigo. Assim, o personagem se descobre, apesar de singular, como pertencente a espécie humana e, portanto, com atributos similares àqueles que negava naquele que deveria matar. Particularmente emotivo, é o relato que descreve o conteúdo da carteira do soldado francês, cheia de fotos das pessoas queridas. Naquele instante, o alemão tem a real dimensão do seu oponente. Ele não é um animal, ele é um homem e, tragicamente, além de homem, ele agora é dotado de atributos correlatos aos seus, ele é uma pessoa que ama, enfim, uma história para viver e contar. A condição da finitude iminente colocam o francês e o alemão no mesmo barco. Por fim, presunção maior talvez seja indicar caminhos religiosos (ou não) a cada um de nós. Estamos tocando todos na face de D(d)eus cotidianamente, seja alguma coisa em algum lugar que manipula os cordões sem que a gente tenha clareza disso ou seja essa coletividade incomensurável chamada gênero humano, o verdadeiro Deus de Feuerbach, projeção do homem nas igrejas, paraísos, infernos e terras prometidas. Particularmente fico com a segunda hipótese...e dai? Serei mais belo ou feio, bom ou perverso, burro ou inteligente por conta disso? Por fim, convido todos a rirem com o vídeo abaixo. A morte não pode ser a letargia da rotina. Pensar na morte deve fazer com que se desdobre a imensa alegria adormecida nesse sistema que nos impele a trabalhar a vida toda para depois morrermos sem antes enriquecermos ainda mais os tanatocratas. Rir ainda é o melhor remédio. Fiquemos ao lado de Eros sabendo que essa convivência só será plena na medida em que nos lembremos sempre da existência de Thanatos.

A Morte Pode ser Engraçada!

Deixo com vocês dois pedacinhos do filme "O Sentido da Vida" do grupo inglês "Monthy Python". Eles adoram satirizar nossos mais "sólidos" valores e, neste filme, saem em busca da resposta para a tradicional pergunta: "qual é o sentido da vida?". Prestem a atenção sobre a esquete dos peixes no aquário do restaurante e, em seguida, uma animação musical sobre a pergunta do filme: IMPAGÁVEL!

A Doença da Ministra, a Morte e Nossa Humanidade (Erasmo Ruiz)

Podemos ficar vendo televisão e nos emocionarmos com uma novela. Nenhuma falta grave, afinal, a vida nos condiciona a termos determinadas reações. Sou do tipo "manteiga derretida", meio sensível a qualquer melodrama. Uma parte de mim execra este tipo de manifestação cultural, atira ferozmente contra o reino dos clichês, revolta-se contra o filme sobre o pai que leva o filho com os dias contados para um parque de diversões. O roteirista coloca a cena com o objetivo de nos arrancar lágrimas na marretada e, de fato, quase sempre acaba conseguindo. Mas outra parte de mim entrega-se a proposta do enredo e, sem vergonha alguma, chora copiosamente. Parece que sempre dá certo. Do teatro passando pelo cinema e desaguando nas novelas, as pessoas ficam meio que abertas às lágrimas tidas como fáceis. Podemos acessar nossas mentes e, feito computadores atrás de arquivos perdidos, encontraremos muitas explicações do porque dessas lágrimas correrem feito cachoeira. Nunca descobriremos efetivamente porque José de Arimatéia chorou ao ver o sofrimento da personagem de novela que estava morrendo de câncer ou porque Maria da Glória debulhou-se em prantos ao ver o noticiário sobre a morte do Papa. Mas podemos intuir uma "abstração do melodrama", uma "teoria geral da lágrima". Eu não me atreveria a perturbar o leitor com tal ousadia. Essa tarefa deve estar a cargo de críticos de arte, dos filósofos profissionais, dos sociólogos e antropólogos da subjetividade e da emoção, de alguns psicólogos que afogados em tanta soberba exigem o monopólio do estudo do comportamento humano. Um dia, quem sabe, o acúmulo de conhecimento resolverá a pendenga se vivemos como uma barata esmagada pela indústria cultural ou se existe uma imanência humana em relação a dor ou ao sofrimento. No entanto, permito-me a uma constatação singela. As pessoas se interessam tanto pela morte na mídia porque, talvez, sintam e discutam a partir da fição e da realidade o próprio morrer pessoal. È a mídia com seu conjunto de imagens pasteurizadas e seus assuntos programados nosso pobre e principal canal de interlocução com a morte e seus desdobramentos existenciais A morte parece ser a "nova pornografia", o assunto proibido, o tabu que se encastela nesse novo milênio que nos acena com as possibilidades irrestritas do conhecimento científico: "Acabará a fome da Humanidade" dizem alguns, "Viveremos em grande conforto" dizem outros, "acabarão as doenças" profetizam outros tantos. Mas, a verdadeira ilusão é aquela que afirma: "gozaremos da imortalidade". Esta afirmativa, já posta desde a Epopéia de Gilgamesh*, nos tornam seres absolutamente preocupados com a questão da morte e do morrer o que nos leva, necessariamente, a refletir sobre a própria vida a ponto de alguns transformá-la no mais absoluto tormento. O medo de morrer transforma-se no medo de viver. Neste sentido, olhar a tragédia dos personagens dos filmes ou da vida real pode inspirar as pessoas a produzirem o azedume de misturar vida e ficção muitas vezes dando roupagens de realidade a uma peça ficcional Talvez por isso tantos choram, talvez por isso as redações dos jornais e os autores de novela, consciente e inconscientemente, transformem a morte do outro em mercadoria para aqueles que são incapazes de pensar diretamente a própria morte, porque agir dessa forma poderia significar constatar, ainda em vida, a miséria existencial onde maioria de nós se encontra...miséria de ausências de alternativas, de vínculos afetivos artificiais, de trabalhos penosos e vazios de conteúdo. Nossa sociedade é repleta de objetividade, tem obsessão por medidas que aprofundam o conhecimento da natureza mais parecem produzir uma cultura da superficialidade da individualidade inserida na vida coletiva. Dai a necessidade de gráficos precisos para localizar as células cancerosas do astro do rock, dai ficarmos grudados na tela acompanhando o andar cambaleante de um pobre Marlon Brando já no fim da vida escoltado por “paparazzis”, dai a fixação por filmes de terror. Tudo isso permite nos aproximarmos da morte sem de fato refletirmos sobre ela em nossas vidas! Não podemos mais discutir o que está interditado, não estamos mais preparados para enfrentar a morte a não ser como produto de consumo e, como tal, um produto que vai gradativamente submetendo-se à ditadura dos rótulos massificados e massificadores. Sejam bem vindos ao mundo da mercantilizaçao da morte e do morrer!. Sejam de fato o que todos são, comportem-se como coisas, como produtos que podem ser trocados ao bel prazer dos desejos da mão invisível. Nietzsche estava errado, deus não morreu, ele existe e seu nome é Mercado! Como um Midas invertido, que transforma ouro em excrementos, a mão invisível nos esfrega a tragédia da morte na mídia porque o segundo de publicidade ficará mais caro. Os jornais nos guiam aos labirintos das meninges do astro do cinema porque querem vender mais, não por solidariedade à tragédia de um ser humano. Agora, a bola da vez é o câncer da ministra Dilma. Indecorosamente somos expostos a análises de conjuntura onde o futuro desse país está nas mãos de um linfoma. Curiosamente, milhões de pessoas estão diante das telas para aprenderem noções básicas de oncologia e sucessão presidencial. Transformaram a saúde da ministra em análise de conjuntura. Uns dizem que tudo é mentira para humanizar uma pessoa fria e sem carisma. Outros exaltam a fibra e a coragem de uma mulher que publicamente enfrenta seu câncer. Ora senhores, por favor, guardemos um certo nível de compostura sobre a dor, o sofrimento e a morte...sim...pois é isso que sempre passa pela cabeça das pessoas quando ouvem que alguém tem “aquela doença". Deixemos de hipocrisia! Será que vendedores de jornais e seus leitores não aprenderam ainda que a dor, o sofrimento e o morrer do outro também é o nosso morrer? Como dizia o poeta Cazuza: "Senhoras e Senhores, trago boas novas, eu vi a cara da morte e ela estava viva!". Façamos o jogo das análises políticas. Nele, a vida e a morte sempre se digladiaram. Mas nesse tabuleiro, como todo jogo, há que se existir algumas regras. O homem vivencia uma luta sem quartel ha pelo menos cem mil anos pela definição destas. Muito já foi feito desde que Marx, o velho profeta ateu, constatasse na segunda metade do século XIX que o homem estava adentrando em sua pré-história. Depois de duas guerras mundiais, depois de campos de extermínio e agora quando o extermínio de crianças em Dafur invade nossas salas ditas de estar pela TV, talvez uma regra fundamental possa ser firmada, qual seja, que a tragédia pessoal de todos nós - o enfrentamento com determinação, alegria, dor e ponderação do fenômeno da morte - possa ser minimamente respeitado, seja naquilo que um personagem de filme possa evocar, seja naquilo que um ser humano real e concreto nos sinaliza. À Ministra Dilma Rosseti , todas as críticas positivas e negativas que nós como cidadãos, agentes ativos da construção da história, podemos e devemos fazer. Ao ser humano Dilma, a solidariedade de todos nós, gladiadores da vida, pois, como eles diziam na Roma antiga: “Aqueles que vão morre te saúdam” Ministra! ERASMO RUIZ * Mito sumério provavelmente relatado por volta do quarto milênio antes de cristo. Neste mito, a principal força movente do heroi é a busca de uma erva que possa lhe proporcionar a imortalidade

Curso Multiprofissional em Cuidados Paliativos

SÃO PAULO – SP O Instituto Paliar anuncia que estão abertas as inscrições para o I Curso Multiprofissional de Cuidados Paliativos, sua segunda atividade educativa em 2009. Os objetivos são o aperfeiçoamento de profissionais da área e o desenvolvimento de capacidades para exercício de Cuidados Paliativos com qualidade e de forma sistematizada. Coordenadoras: Analice de Assis Cunha Enfermeira, especializanda em oncologia na Universidade Gama Filho. Enfermeira do Hospital Premier e do Serviço de Cuidados Paliativos do Hospital do Servidor Estadual de São Paulo – HSPE/SP Débora Genezini Costa Psicóloga, especialista em psicologia hospitalar. Mestranda em gerontologia pela PUC-SP. Coordenadora do setor de Psicologia do Hospital Premier e São Paulo Internações Domiciliares. Marilia Bense Othero Terapeuta ocupacional, especialista em saúde coletiva. Mestranda em Medicina Preventiva e Social (FMUSP). Coordenadora do Setor de Terapia Ocupacional do Hospital Premier e São Paulo Internações Domiciliares. Coordenadora do Comitê de Terapia Ocupacional da Associação Brasileira de Linfoma e Leucemia - ABRALE. Estrutura do curso: módulos temáticos, com aulas expositivas, dinâmicas e discussões de caso Horário das aulas: às quartas-feiras (19h às 220h) e sábados (9h às 17h) Carga horária: 160 horas Programação: Módulo I - Conceitos e princípios dos Cuidados Paliativos - 27/05 e 20/06 Módulo II - Avaliação do paciente em Cuidados Paliativos - 24/06 e 18/07 Módulo III – Práticas em Cuidados Paliativos - 29/07 e 15/08 Módulo IV - Comunicação e trabalho em equipe - 26/08 e 19/09 Módulo V - Abordagem da família e do cuidador - 30/09 e 17/10 Módulo VI - Cuidados ao final da vida e atenção ao enlutado - 28/10 e 18/11 Provas escrita e prática: 21/11 Local: Auditório do Hospital Premier Av. Jurubatuba, 461– Brooklin Novo – São Paulo/SP Inscrições até 22/05/2009 25 vagas, assim divididas: 8 para enfermagem, 4 para fisioterapeutas, 4 para psicólogos, 4 para terapeutas ocupacionais, 3 para assistentes sociais, 1 para nutricionista e 1para fonoaudiólogo. As vagas serão preenchidas por ordem de inscrição; lista de espera será formada para vagas sobressalentes que serão sorteadas. Investimento: R$ 300,00 (inscrição) e R$ 300,00 mensais entre junho e novembro de 2009. Contato e inscrições: Secretaria do Instituto Paliar – Sra. Regina (11) 5090-5000 ramal 4473 secretaria@paliar.com.br

Avaliação da dor em Cuidados Paliativos (Maria Goretti Maciel)

A Dor deve ser avaliada detalhadamente quanto à sua intensidade, duração, características físicas, ritmo, fatores desencadeantes e atenuantes. A avaliação é constante, redefinida a cada visita médica no domicílio, ambulatório, enfermaria ou contatos telefônicos. O paciente e seu cuidador precisam ser estimulados a relatar qualquer nova alteração no padrão da dor. Atenção especial deve ser dada ao paciente idoso e aos portadores de demência em qualquer grau. Nestes, alterações de humor e comportamento podem ser interpretados como dor e modificam se adequadamente tratados. Modo geral, os idosos são mais lentos para descrever seu sintoma e alguns têm muita dificuldade para entender e lidar com escalas. Em qualquer situação: a dor é a que o paciente refere e descreve. Jamais confundida com o que o cuidador ou profissional de saúde imaginam que sente. Para avaliar a intensidade da dor é recomendado o uso de uma escala. Esta deve ser escolhida de forma a usar uma linguagem acessível ao doente, possibilitando que, ao seu modo, possa identificar quanto a dor o incomoda naquele momento e nos momentos em que fica mais ou menos intensa. Se há melhora com a medicação ou outra atitude. Alguns serviços adotam um diário da dor, anotado pelo próprio paciente ou seu cuidador. De forma prática, pode-as avaliar a intensidade de uma dor solicitando que se atribua uma nota de zero a dez ou criando formas de se apontar pequeno, médio e grande, ou ainda leve, moderada ou intensa. Se bem compreendida, o paciente vai manter uma coerência com a evolução do alívio ou piora do seu sintoma, possibilitando avaliações subseqüentes. Há uma tendência mundial de considerar a dor como um quinto sinal vital, aferido pelas equipes de enfermagem nos ambulatórios e nas enfermarias de todos os hospitais, independente do motivo da internação ou visita ao médico. Esta é uma maneira simples e eficiente para aumentar o diagnóstico e estabelecer o tratamento da dor em qualquer circunstância. Classificação da Dor: Identificar o tipo de dor é fundamental para que se possa fazer a melhor opção terapêutica. De acordo com a sua natureza a dor pode ser: Nociceptiva: Quando originada a partir de estimulação de nociceptores. Esta pode ser: Somática: Receptores da pele e sistema músculo-esquelético. Costuma ser muito bem localizada, descrita simplesmente como dor, contínua e agravada pelo movimento. Melhores exemplos: dor óssea, ulcerações de pele, linfonodos inflamados, etc. Visceral: Receptores localizados em vísceras. Costuma acontecer em paroxismos (cólicas), mal localizadas, segue muitas vezes trajetos de dermátomos. Ex: dor em couraça das lesões de pulmão, cólicas abdominais. Neuropática: Originada a partir de lesões ou compressões em estruturas do sistema Nervoso Central ou Periférico. Tem características distintas e pode ser descrita como em choque, queimação, facada ou espinhos. Pode ser desencadeada por um estímulo táctil (alodinia) e ter paroxismos aberrantes (hiperalgesia). Costuma irradiar-se por trajetos nervosos conhecidos. São exemplos: neuropatia periférica do diabético, dor ciática, dor do membro fantasma. Complexas ou mistas: comumente encontrada em pacientes com tumores, que por seu crescimento podem provocar inflamação, compressão e destruição de estruturas, originando uma dor de múltiplas características e que necessite de uma correta associação de drogas para o seu controle. A dor crônica, não raramente adquire um caráter neuropático pela excessiva ativação de neurônios em sua transmissão. Maria Goretti Maciel é médica paliativista e sócio-fundadora da ANCP (Academia Nacional de Cuidados Paliativos)

Simpósio de Bioética Hospitalar em São Paulo

Simpósio sobre o tema será realizado em 30 de maio. O Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo (Cremesp), o Hospital Alemão Oswaldo Cruz e a Sociedade de Bioética de São Paulo realizam no último sábado deste mês, dia 30, um encontro sobre Bioética Hospitalar. Confira a programação: 8h30 - Comissões de Bioética Hospitalar - Prof. Dr. Wiliam Saad Hossne 10 h – Intervalo 10h30 – Terminalidade de vida - Prof. Dr. Gabriel W. Oselka 11 h – Cuidado Paliativo - Prof. Dr. Toshio Chiba 11h30 – Bioética e Espiritualidade - Capelã Vera Cristina Weissheimer 12 h – Debate Anote e participe! Data: 30 de maio de 2009 – sábado Local: Hospital Alemão Oswaldo Cruz (Rua João Julião, 331, 14º andar - Bloco B - Paraíso, São Paulo/SP) Inscrições gratuitas até 25 de maio pelo email: eventos@cremesp.org.br ou pelos telefones (11) 3123-8704 e (11) 3017-9345

A dor crônica no contexto dos Cuidados Paliativos (Maria Goretti Maciel)

O conceito de dor usado mundialmente hoje é o da Associação Internacional de Estudos da Dor (IASP) e afirma que a dor é uma “Experiência sensorial e emocional desagradável, associada a dano presente ou potencial, ou descrita em termos de tal dano”. Este conceito avança na direção de admitir que a dor é uma experiência única e individual, modificada pelo conhecimento prévio de um dano que pode ser existente ou presumido. Neste sentido, a dor de um paciente portador de uma doença fora de possibilidade de cura pode ter uma conotação terrível pelo fato de anunciar-lhe de certa forma que a sua morte está a caminho. Para algumas culturas este sintoma também pode ser associado à expiação de culpa ou ser parte natural de uma doença, não podendo ser tratado com sucesso. Portanto, admitir a importância do alívio da dor desde o início do tratamento de uma doença até as últimas horas de vida é condição fundamental para todos que trabalham com doentes em qualquer especialidade. O conhecimento do seu controle deve ser parte da formação obrigatória de todos os profissionais da área de saúde, sobretudo do médico, responsável pela prescrição de medicamentos imprescindíveis para o seu alívio. 1.Dor Total: Na década de 1960, a médica inglesa Cecily Saunders acrescentou ao conhecimento da dor o conceito de dor total, através do qual admite que uma pessoa sofre não apenas pelos danos físicos que possui, mas, também pelas conseqüências emocionais, sociais e espirituais que a proximidade da morte pode lhe proporcionar. Saunders estabeleceu a importância de uma abordagem multidisciplinar e da presença de uma equipe multiprofissional para que se obtenha o máximo sucesso no tratamento desta pessoa. De fato, ao abordarmos pacientes portadores de doenças evolutivas e sem possibilidade de cura, percebemos muitas vezes que em determinadas situações os medicamentos não são suficientes para proporcionar o completo alívio da dor maior de viver os últimos dias, de não entender porque está gravemente enfermo, de deixar filhos desamparados, separar-se de seu amor, de não poder sustentar sua família e de não conseguir compreender o real sentido para a sua vida. 2.Dor Geral: Admitimos que a dor é geral quando ela extrapola os limites da pessoa doente e afeta também as pessoas de sua convivência, sua casa e até a equipe que a atende. O paciente com uma dor que se arrasta por semanas ou meses dificilmente reclama, chora ou geme. Um mecanismo fisiológico de proteção altera as características da percepção desta dor e as mudanças de humor e comportamento preponderam sobre as queixas específicas. Este mecanismo recebe o nome de modulação e é responsável por alterações de comportamento como a depressão ou agressividade associadas freqüentemente à dor crônica. Aquele paciente encolhido em seu leito, com olhar vago, de poucas palavras e expressão pesada, de cenho franzido deve chamar a atenção do profissional de saúde. Se perguntar se tem dor, pode demorar um pouco a responder, mas, aos poucos vai contar de dores terríveis e intensas, das quais até já se cansou de falar e não ser ouvido. A visita à casa do paciente revela situação semelhante. Além do doente, a dor contagia toda a família, o ambiente, quem a freqüenta. Após dias de sofrimento testemunhado, as pessoas que convivem com o doente parecem ficar alheios à dor e mergulhar em um outro tipo de sentimento muito profundo, de tristeza e impotência. O médico e sua equipe também se modificam ao lidar com pacientes que têm dor, quando esta tem difícil controle. Cada nova proposta terapêutica que fracassa aumenta o sentimento de impotência da equipe e, sem perceber, o doente vai sendo menos visitado. As novas alternativas vão sendo testadas sem o mesmo entusiasmo inicial. Um misto de culpa e mais impotência se instalam e imobilizam o trabalho de profissionais desavisados desta possibilidade. Aprender a lidar com estes sentimentos e buscar supera-los deve ser parte do aprendizado da equipe de Cuidados Paliativos.

Artista inglês recria morte macabra de heróis dos desenhos

Tom finalmente mata Jerry e o coiote pega o Papa-léguas. Obras estão expostas em galeria de arte em londres. Por mais que tente, o gato Tom nunca consegue se livrar de seu inimigo eterno, o rato Jerry. Essa é a 'ordem natural' dos desenhos animados, mas o artista inglês James Cauty resolveu subverter essa regra em sua nova exposição na Aquarium Gallery, em Londres. Em uma série de quadros, ele recria o que aconteceria se os personagens animados tivessem, finalmente, um fim trágico. Na imagem acima, sobrou para Jerry e para o passarinho Piu-Piu, devorado por Frajola. (Foto: Divulgação) O gato Tom também acaba mal, assim como Pernalonga, finalmente superado pelo Patolino. (Foto: Divulgação) Leia mais em: http://g1.globo.com/Noticias/PlanetaBizarro/0,,MUL783666-6091,00.html

Delivery no Canadá oferece refeição de condenados à morte

Ao fazer o pedido, cliente não sabe qual prato receberá em casa. Além da comida, ele recebe máscara de papel com rosto do criminoso. Um serviço on-line de comida a domicílio promete a seus clientes as mesmas refeições escolhidas por pessoas condenadas à morte nos Estados Unidos. Disponível somente para moradores de Toronto, no Canadá, o Last Meal Delivery cobra US$ 20 por refeição – mesmo valor gasto com a comida para os condenados dos EUA. O pedido deve ser feito com dias de antecedência. A publicação “Vice Magazine” diz ter testado o serviço, que faz a entrega surpresa para os clientes: eles pedem a refeição sem saber qual será o prato. Uma máscara de papel com o rosto de um presidiário acompanha a comida. “Comer a mesma refeição que alguém pediu antes de ser morto pareceu uma boa idéia”, brincou Nick, o funcionário da revista selecionado para fazer o teste. Ele diz ter recebido a refeição escolhida por Jimmy Dale Bland, prisioneiro de número 1084, condenado à morte por assassinato. A refeição consistia em três pedaços de frango frito, quatro pedaços de pizza, uma caixa de sorvete de baunilha, um bolo de chocolate, uma garrafa de refrigerante Dr. Pepper. Junto com o pedido, uma máscara de papel com a foto do condenado – “um toque especial”, disse Nick. matéria completa no site: http://g1.globo.com/Noticias/PlanetaBizarro/0,,MUL766310-6091,00.html

"Menina de Ouro" e "Mar Adentro": Por que tantos querem a Eutanásia? (Erasmo Ruiz)

Creio que muitos de vocês devem ter visto pelo menos um dos filmes. Boa parte talvez tenha visto os dois. "Menina de Ouro " e "Mar Adentro" são bons filmes. Não vou me delongar numa crítica de cinema pois esse não é o objetivo. Reservadamente posso dizer porque gosto mais de "Mar Adentro" apesar de achar "Menina de Ouro" um ótimo filme

Venho até aqui colocar em discussão não os filmes mas tentar "descobrir" porquê fizeram tanto sucesso. O que os dois tem em comum é a narrativa de indivíduos que lutam para que lhe seja aplicada a eutanásia ativa. Ramon San pedro (personagem de Mar Adentro) parece ter uma postura mais cidadã: quer que seu caso se transforme numa problemática nacional para que uma legislação sobre a eutanásia e o suicício assisitido seja instituída. Na melhor tradição americana, em "Menina de Ouro" o problema social é reduzido a realidade de dois indivíduos onde a garota boxeadora que se tornou tetraplégica implora ao seu treinador que ponha termo a sua vida como um gesto de amor.

Mas o que os dois filmes teriam em comum além da tetraplegia dos personagens e suas lutas pela eutanásia? Durante os dois filmes os espectadores são chamados a compartilhar da dor dos perosnagens. Lá pelo final estamos quase prontos, ao sair do cinema, para entrarmos numa ONG qualquer que lute pela morte digna e pela autonomia irrestrita do ato de morrer.

Os personagens nos convidam a refletir sobre nossas própria vidas. Se estivéssemos vivendo suas condições o que faríamos? Confesso a vocês, talvez me irmanasse a luta deles e quisesse morrer. O problema básico é que, nas condições em que estão, precisam da ajuda de outros seres humanos para tal.

Por que se fala tanto em eutanásia hoje em dia? Uma metáfora interessante seria pensarmos na luta entre dois povos. Um, bem equipado militarmente, o outro, com armamentos de qualidade muito inferior, aquilo que os especialistas militares chama de "guerra assimétrica", onde o mais fraco usa de recursos heterodoxos para enfrentar um adversário muito mais poderoso. O mais fraco será apelidado nos noticiários de "terrorista".

Existe hoje uma guerra de concepções sobre como os homens devem morrer. A hegemônica afirma que nossos corpos devem se disciplinar bem comportados diante dos ditâmes do biopoder, em conlúio direto com aqueles que amamos. Significa dizer que existem indivídiuos que fazem parte um corpo técnico/cultural, os TANATOCRATAS, que quase determinam quando e de que forma iremos morrer.

É a percepção de que sofremos além do limite de nossas possibilidades físicas e mentais que alimenta o desejo pela eutanásia ativa. Para fugir do controle daqueles que nos controlam na hora da morte, parte de nós quer determinar com clareza o momento em que iremos sair do palco desse mundo. A luta pela eutanásia é a luta desigual entre o desespero e as normas que controlam o que "temos" de fazer e passar nesse mundo para morrermos

No entanto, há alternativas diante dessa dicotomia. Se as pessoas vissem desde crianças que existem outras possibilidades de se morrer do que aquelas comumente apresentadas...de que podemos morrer fora de UTIs, de podemos estar nem que parcialmente no controle de nossas ações até o fim...de que existem tecnologias e dispositivos que podem controlar a nossa dor e que equipes de profissionais de saúde podem ser preparados para lidar com nossa morte nos encarando nos olhos e não fugindo das perguntas, então... para que a eutanásia se poderíamos tentar aproveitar a vida até o fim?

Os cuidados paliativos são o melhor antídoto contra a luta desesperada e negadora da vida que a eutanásia inadivertidamente pode representar!

Cuidados Paliativos: Recursos na Internet

Disponibilizo neste blog recursos na internet sobre cuidados paliativos. Existe muita controvérsia e desinformação a respeito dessa temática. Como a ênfase da formação dos profissionais de saúde é de base terapêutica, existe uma cultura que percebe nos cuidados paliativos uma prática "menor", um "tapa buracos" ou, como dizemos aqui no Nordeste, uma "gambiarra" quando não se pode "fazer mais nada" pelo paciente. Diante do desamparo produzido pelo saber tradicional ,pode prevalecer a atitude da obstinação terapêutica que produz a ilusão de que algo está sendo feito mas, infelizmente, na maioria das vezes, o que a obstinação faz não são "milagres" mas sim a morte imersa em dor, desamparo e desconhecimento. Abaixo links em lingua portuguesa e estrangeira que oferecem um panorama sobre a temática.

Recursos em Língua Portuguesa

http://www.paliativo.org.br/

http://www.cuidadospaliativos.com.br/inicio.php

http://www.apcp.com.pt/

http://www.historiamedicinapaliativa.ubi.pt/

http://www.inca.gov.br/

http://www.fau.com.br/pidi/inicio.php

http://www.casadocuidar.org.br/

http://www.oncoguia.com.br/site/index.php

http://www.paliar.com.br/

http://www.inca.gov.br/conteudo_view.asp?id=474

http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/inca/manual_cuidados_oncologicos.pdf

http://www.alexandracaracol.com/ficheiros/cuidadospaliativosetanatologia.pdf

http://www.inca.gov.br/rbc/n_48/v01/pdf/opiniao.pdf

http://www.scielo.br/pdf/pusp/v14n2/a09v14n2.pdf

http://www.praticahospitalar.com.br/pratica%2048/pdfs/mat%2018.pdf

http://www.fw2.com.br/clientes/artesdecura/revista/musicoterapia/monog_lizandra.pdf

http://www.alzheimer.med.br/masnoticias.pdf

http://www.scamilo.edu.br/pdf/mundo_saude/32/03_Novas%20pers.ectivas%20cuida.pdf

http://www.portalmedico.org.br/revista/bio1v4/distanasia.html

Recursos em Línguas Estrangeiras

http://www.hospicecare.com/

http://www.aahpm.org/

http://www.eapcnet.org/

http://www.cuidadospaliativos.org/

http://www.capc.org/

http://www.palliative.org/

http://www.eperc.mcw.edu/

http://www.paliativoscanarias.org/

http://www.palliativecare.org.au/

http://www.pallcare.info/

http://www.palliative.info/

http://www.secpal.com/index.php

http://www.stchristophers.org.uk/

http://www.worldday.org/

http://www.helpthehospices.org.uk/

http://www.epec.net/EPEC/webpages/index.cfm

http://www.palliative.org/

http://www.sicp.it/

http://www.rwjf.org/pr/product.jsp?id=20938

http://www.hpna.org/

http://www.federaciocristians.org/Metges/Buscar/10_eutanasia/05.05_sedacio_porta.pdf

Sessão Averroes de maio exibirá filme japonês

SÃO PAULO/SP - A Cinemateca Brasileira, em parceria com a Academia Nacional de Cuidados Paliativos e o Hospital Premier, exibe na SESSÃO AVERROES do dia 25 de maio o longa japonês “Depois da vida” (Kirokazu Kore-Eda, 1998). A projeção será seguida de mesa de reflexão com a presença de Marcelino Freire, poeta e escritor pernambucano, e Adélia Prado, escritora e poetisa (a confirmar). A mediação será de Dra. Maria Goretti Sales Maciel, Diretora Científica da ANCP. O título da sessão alude ao filósofo Averroes, nascido em Córdoba, na Espanha muçulmana, em 1126. Destinadas sobretudo a profissionais e estudantes da área de medicina e saúde, as SESSÕES AVERROES acontecem mensalmente, sempre às 19h da última segunda-feira de cada mês, seguidas de debate com críticos de cinema, profissionais da saúde e jornalistas. São co-realizadores a Faculdade de Medicina de Itajubá (MG), o Instituto Paliar e a Oboré. O objetivo é discutir, a partir da exibição de filmes, os Cuidados Paliativos. Depois da vida (Wandâfuru raifu), de Hirokazu Kore-Eda. Japão, 1998, 35 mm, cor, 118’. Legendas em português. Exibição em DVD. Num local, entre o Céu e a Terra, pessoas que acabaram de morrer são apresentadas aos seus guias espirituais. Durante os três dias seguintes, eles auxiliam os mortos a vasculhar suas memórias em busca de um momento inesquecível de suas vidas. O momento escolhido será recriado num filme, que será uma espécie de lembrança a ser levada para o paraíso. Próximas Sessões: Sempre às 19h da última segunda-feira de cada mês: • 29 de junho: O signo da cidade ( Carlos Alberto Riccelli, Brasil, 2008) • 27 de julho: O escafandro e a borboleta ( Julian Schnabel, França/EUA, 2007) SESSÃO AVERROES - CINEMA E REFLEXÃO Dia 25 de maio, segunda-feira, 19h Cinemateca Brasileira - Largo Senador Raul Cardoso, 207 [próximo ao metrô Vila Mariana, DETRAN e Instituto Biológico] Entrada franca Informações: (11) 3512.6111 r 215

Mulher volta à vida durante seu próprio velório no Peru

Vítima de câncer generalizado tem 33 anos e recobrou sinais vitais no sábado passado. 'La muerta', como ficou conhecida, diz que só estava com dor de estômago. Uma mulher que foi declarada clinicamente morta voltou à vida para a surpresa e o assombro das pessoas presentes em seu velório em um povoado do norte do Peru, informou nesta terça-feira (1º) a imprensa local. Felicita Guizabalo, de 33 anos, vítima de um câncer generalizado, recobrou seus sinais vitais no sábado passado, quando era velada por amigos e familiares. A mulher abriu os olhos e começou a se mexer na frente de todos. "La muerta", como agora é chamada na cidade, contou à rádio RPP que agora se está bem e voltou a viver pela bênção de Deus. "Eu só estava com uma dor de estômago, mas Deus me curou e me devolveu a vida", afirmou. Link dessa notícia: http://g1.globo.com/Noticias/PlanetaBizarro/0,,MUL383821-6091,00.html

Pesquisa sobre o significado moral da eutanásia na visão do profissional, do moribundo e dos familiares

ESTUDO DE CASO SOBRE OS SIGNIFICADOS DA EUTANÁSIA PARA OS AGENTES ENVOLVIDOS NO PROCESSO DO DIREITO DE MORRER é o título de pesquisa desenvolvida pela Liga Acadêmica de Tanatologia da UFMA. Coordenada pela professor Ayala Gurgel, a pesquisa ainda conta com a participação da doutora Elba MOchel e da graduanda Rayna Bianca Serra. Esse é o resumo: (INTRODUÇÃO): Explanação fenomenológica a partir de um documentário sobre os significados morais da eutanásia para os agentes (profissionais, familiares e moribundos) envolvidos no processo do direito de morrer. (OBJETIVOS): Pretende-se explanar as questões morais subjetivas que estão envolvidas com a prática da eutanásia e do suicídio assistido nos países onde isso é legalizado a partir de um estudo de caso. (MÉTODOS): Aplicou-se o método fenomenológico para investigar a compreensão do significado das questões morais vivenciadas pelos envolvidos (familiares, profissionais de saúde e moribundos) no processo terapêutico conhecidos como eutanásia e suicídio assistido. Optou-se pela técnica de estudo de caso, selecionando uma história real documentada pela BBC. (RESULTADOS): Encontrou-se diversos conceitos para os termos eutanásia e suicídio assistido, alguns contraditórios e outros em desuso, exigindo sua delimitação conceitual. Optou-se pela abordagem que considera eutanásia e suicídio assistido como termos correlatos à ação praticada por profissional de saúde com o intuito de aliviar a dor e o sofrimento por meio da abreviação da vida. No primeiro caso, por sua atuação direta; no outro, por meio do seu auxílio indireto. Em termos de construção de significado moral, observou-se que o profissional age motivado pela noção de cumprimento do dever fundamentado na solidariedade e na autonomia do moribundo, noção essa reforçada pelos familiares. Já o moribundo, tem como regra moral a de viver sua vida só até o limite da suportabilidade, para si e para seus entes queridos. Percebe-se que tanto para o moribundo quanto para seus familiares a noção de limite do sofrimento é bastante cultuada, cuja fronteira, quando ultrapassada, não resolveria nenhum problema e aumentaria muito o sofrimento. O processo de luto antecipatório pode ser uma variável que torna essa noção mais aceitável. (CONCLUSÃO): Os significados morais dos agentes envolvidos com o direito de morrer são diferenciados segundo suas particularidades, mas, possuem alguns aspectos em comum: o respeito à autonomia do moribundo, o caráter profissional da ação, o conforto da dor e o alívio dos sintomas, não antecipar a morte enquanto viver não for insuportável. Nesse sentido, pode-se dizer que o principal valor moral do direito de morrer é a manutenção da dignidade humana do moribundo.

Exposição com cadáveres gera polêmica na Alemanha: É possível fazer sexo após a morte?

Vamos continuando a explorar esse filão complexo da inter-relação entre arte e morte. Sempre presente desde as cavernas de Altamira, essa relação ganha novos aspectos antes não previstos. Se na pintura e na literatura essa associação fazia parte no passado de uma "ars moriendi", hoje, dado o afastamento coletivo do reflexão existencial sobre a morte, tende a aparece como algo bizarro e, como tudo que é reprimido (em parte semelhante a sexualidade), acaba por chamar a atenção. E falando da associação entre sexo e morte, parece que o anatomista Gunter Von Hagens demonstrou que essa possibilidade existe num plano até então não pensado. Inventor de uma revolucionária técncia de preservação de cadáveres, ele tem rodado o mundo apresentando uma exposição um tanto exótica por mostrar cadáveres que se "comportam" como se estivessem vivos. A notícia abaixo fala um pouco sobre isso e, principalmente, da polêmica de se colocar dois cadáveres fazendo sexo. Seria uma forma nada sutil de negação da morte? Ou artimanhas do inconsciente colocando Eros e Thanatos mais próximos do que a maioria deseja? No final, disponibilizamos links para que você possa fazer sua visita virtual e tirar suas conclusões. E ai, quem gostaria de ser um participante "ativo" dessa exposição? Exposição com cadáveres gera polêmica na Alemanha
Gunther von Hagens
Montagem sobre o ato sexual é o principal alvo dos críticos
O projeto "Body Worlds" (mundos dos corpos), do anatomista alemão Gunther von Hagens, que vinha provocando polêmica em vários países por causa do uso de cadáveres na concepção de obras de arte, abre nesta quinta-feira uma exposição em Berlim que reproduz uma cena de sexo. "Nossa exposição se chama O Ciclo da Vida, e nela mostramos tudo, desde a concepção até a morte", justifica Von Hagens. "Morte e sexo são temas tabus. Eu coloco os dois juntos. A morte faz parte da vida, e sem sexo a vida não existe." Segundo ele, as pessoas cujos cadáveres foram utilizados na obra jamais se conheceram quando vivas, tendo sido unidas uma à outra postumamente. No processo de conservação desenvolvido por Von Hagens, conhecido como "plastinação", os cadáveres são tratados com cerca de 200 quilos de silicone, durante um complicado procedimento que levou mais de quatro mil horas para ser concluído. Gunther von Hagens garante que os doadores permitiram por escrito que seus corpos fossem expostos simulando um ato sexual. O homem teria morrido aos 51 anos de câncer pulmonar, e a mulher, aos 58 anos."Nos formulários de doação, dois terços dos homens e um terço das mulheres se concordaram que seus corpos fossem usados para representação de um ato sexual."
Gunther von Hagens
Cadáver "toca" saxofone
Pornografia
Acusado por alguns de romper códigos éticos ao lucrar com corpos humanos em exposições comerciais, o médico alemão rebate agora críticas de que estaria promovendo a pornografia, afirmando que suas exposições têm um lado educativo. "Elas ensinam os visitantes mais do que qualquer aula de biologia e revolucionam o aprendizado da anatomia. Ela não tem nada a ver com pornografia, não se presta a estimular ninguém sexualmente", defende. Na técnica da plastinação, inventada por Hagens nos anos 70, os líquidos dos tecidos corporais são extraídos e substituídos por uma substância plástica especial. A Igreja Católica tem sido uma das maiores críticas das exposições promovidas pelo médico, que já passaram por diversos países. O "Doutor Morte", como foi apelidado pela imprensa alemã, traz a Berlim seu "Body Worlds" oito anos depois da última apresentação na cidade. Na época, a exposição atraiu mais de 1,3 milhões de visitantes. Em Heidelberg, onde O Ciclo da Vida esteve por quatro meses até o fim de abril, 300 mil pessoas visitaram a exibição. A mostra fica em cartaz na capital alemã até 30 de agosto. Atualmente, outras exposições do projeto "Body Worlds" estão ocorrendo em Grã-Bretanha, Espanha, Israel e em duas cidades americanas. Mais informações sobbre a exposição em http://www.bodyworlds.com/en.html

Visita à Exposição De Arte e Animais Mortos

Instigado pelo Post de Ayala Gurgel resolvi achar fotos da referida exposição. E não é que eu encontrei? A arte muitas vezes nos apresenta desafios. Particularmente tenho uma certa dificuldade de ser vanguardista em arte. Na verdade, só gosto dela quando fica um tanto envelhecida e, dessa forma, deixa de ser vanguarda. Abaixo as fotos para, quem sabe, deleite de alguém.

Câncer: pacientes têm direito a benefícios legais (Carolina da Gama)

Está na VEJA on line de 15 de maio de 2009: Carolina da Gama Ao receber de seu médico o diagnóstico de câncer, a vida do paciente começa a sofrer diversas transformações: o tratamento pode envolver sessões de químio e radioterapia, que frequentemente têm efeitos colaterais debilitantes, como náuseas, fadiga, perda de apetite, inflamações na pele e na boca e perda de cabelo. Mas essas não são as únicas transformações. A vida de um paciente com câncer também é alterada no plano legal: ela adquire alguns direitos especiais junto a órgãos públicos e até em situações como quitação de financiamentos e compra de veículos. A professora Eliana Pereira de Camargo descobriu em 2005 que tinha um câncer de mama. De seu oncologista, além das recomendações a respeito do tratamento, ela recebeu uma cartilha com os direitos do paciente com a doença. Curada, ela acredita agora que a qualidade do tratamento não teria sido a mesma caso não tivesse lido com atenção a cartilha. No documento, ela descobriu, por exemplo, que poderia sacar seu saldo do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) e ainda o dinheiro do PIS/Pasep. Boa parte da soma foi utilizada para custear gastos com remédios e sessões de radioterapia. "O FGTS foi o que mais me ajudou. Com a doença, surgem também gastos mensais que estouram o orçamento", lembra. Poucos pacientes conhecem seus direitos. Foi o que descobriu a advogada pernambucana Antonieta Barbosa, que enfrentou a doença em 1998 e logo passou a se informar sobre o que dizia a legislação a respeito dos pacientes com câncer. A advogada descobriu, por exemplo, que pagava indevidamente o financiamento de sua casa, pois tinha direito a pedir à Caixa Econômica Federal a quitação do imóvel. O resultado de suas batalhas no mundo jurídico estão reunidas no livro Câncer: Direito e Cidadania, um dos principais guias para os pacientes da doença. Casa e carro - Há casos emblemáticos de desconhecimento e desrespeito à legislação. Um deles é o direito ao saque do FGTS. "Muitas pessoas acreditam que ele só pode ser feito por pessoas em estágio terminal. Não é verdade: assim que recebe o diagnóstico, o paciente já pode ir à Caixa sacar o dinheiro", explica Antonieta. Outro é o caso de pessoas que tentam financiar imóveis: o empréstimo muitas vezes é negado por causa do histórico de câncer. "Isso é ilegal", alerta a advogada. Outros benefícios tentam atender a necessidades preementes de pessoas que lutam contra o mal. É o caso da redução de impostos para a compra de carros novos com direção hidráulica. Mesmo curada, Eliana perdeu parte da força no braço em razão de esvaziamento das glândulas axilares durante a cirurgia para retirada do tumor. Por isso, para ela dirigir se tornou uma atividade bastante dolorida. Daí, a importância da isenção. "A licença remunerada do trabalho, o dinheiro do FGTS, meu carro novo e a possibilidade de conseguir alguns remédios de graça foram prerrogativas que me possibilitaram enfrentar a doença e suas conseqüências com mais conforto e qualidade de vida", revela Eliana. Para fazer valer o direito, a advogada Antonieta Barbosa aconselha: "É preciso que os pacientes sejam informados sobre seus direitos e que se lembrem sempre de guardar documentos como laudo médico, contrato de seguro e extratos do FGTS: assim fica mais fácil conseguir os benefícios e enfrentar o tratamento com mais dignidade". A matéria completa, inclusive um quadro com os principais benefícios, encontra-se no site: http://veja.abril.com.br/noticia/ciencia-saude/cancer-provoca-mudancas-vida-legal-pacientes-468476.shtml

Animais mortos viram obras de arte em exposição chocante na Inglaterra

Festival de design será realizado em setembro em Londres. Objetivo dos artistas é acabar com a arte abstrata que domina o mercado. Uma exposição que fará parte do London Design Festival promete chocar os visitantes do evento, entre os dias 13 e 23 de setembro na capital inglesa. Ela vai unir talentosos designers e artistas de vanguarda, objetos do cotidiano e animais - alguns deles aparentemente mortos há pouco tempo acomodados em taças, bandejas e urnas de vidro. As obras, consideradas perturbadoras, representam uma corrente artística na qual os criadores contemporâneos propõem um retorno a formas realistas em seu trabalho, rejeitando as abstrações que dominam o mercado de arte. Eles buscam inspiração em criaturas vivas e tentam provocar reações intensas no público. Na edição de 2007, o festival de design foi visitado por 350 mil pessoas de 32 países, segundo o site do evento. Notícia extraída de: http://g1.globo.com/Noticias/PlanetaBizarro/0,,MUL643883-6091,00.html

"Quero Morrer Dormindo" (Erasmo Ruiz)


Ministro "Introdução à Tanatologia" na Universidade Estadual do Ceará desde 1999, para os cursos de Enfermagem e Serviço Social. Logo no primeiro dia de aula especulo dos alunos sobre os motivos de estarem ali, afinal, a morte não é um dos assuntos mais populares embora paradoxalmente esteja tão em evidência na mídia.

Ame e deixe Morrer

Deixo neste blog matéria publicada no "O Povo", artigo opinativo que fala a respeito da necessidade da implementação dos cuidados paliativos e, de certa forma, da disseminação de uma educação para a morte. Este artigo é de particular interesse para profissionais médicos. Parabéns a Pedro Henrique Saraiva Leão pela Inciativa Ame e deixe Morrer Aparente paradoxo - mas convenhamos - eliminar o sofrimento de um ente querido é um ato de amor! Senão consideremos estes três casos: 1 - Doente terminal, 32 anos, câncer de pâncreas e metástases, tem parada cardíaca; reanimado na UTI é ligado ao respirador artificial. Sobreveio falência renal, e foi submetido à hemodiálise; 2-Senhora com 97 anos, insuficiência cardíaca, e coma profundo pós-AVC, internada há seis meses; 3- Paciente com 94 anos, arteriosclerose cerebral, enfisema pulmonar grave, e câncer no fígado. Todos nas caríssimas UTI´s. Prá quê! Só para retardar - com muito sofrimento - sua certa morte! Por muito tempo, o Código de Ética Médica criminalizou a eutanásia, e o Código Penal pode indiciar o médico que a pratica como homicida, impondo-lhe 6-20 anos de prisão. Em 9/11/2007 o Conselho Federal de Medicina aprovou a suspensão de medidas para prolongar a vida de pacientes terminais, incuráveis. Teria sido uma conquista da Medicina brasileira! Mas, sem o apoio da sociedade civil, tal ainda não poupa o profissional da responsabilidade criminal. Modernamente, os religiosos aprovam ações sobre a terminalidade da vida. O clérigo metodista Leslie Weatherhead não entendia a morte como privilégio de Deus, e ponderava: não deixamos o nascimento para Deus, nós o promovemos e até prevenimos! (Revista Time, 19/3/1990). Dom Rafael Cifuentes, da CNBB afirmou:” A vida humana é um dom de Deus, algo sagrado que não podemos tirar, mas para pacientes terminais seu prolongamento pode ser intrrompido” (Revista do Conselho Federal de Medicina, 21/7/2007). Nas faculades de Medicina nos ensinam (e quase obrigam) apenas a curar, mas não a cuidar do paciente! Neste sentido, para cuidar daqueles terminais incuráveis, a médica inglesa Cicely Saunders criou, em Londres (1967) o St. Christopher´s Hospital, o primeiro para cuidados apenas paliativos. No “hospice”, como no “Hospiz” na Alemanha (não confundir com hospício!) prevalece a morte natural (ortotanásia), evitando-se unicamente a dor, e promovendo-se o suporte emocional do paciente e sua família. Em 1970, estas ideias chegaram aos EE.UU, com a psiquiatra suiço-canadense Elizabeth Kübler-Ross, aliás criadora da palavra “Tanatologia”, (do grego “tanatos”: morte), o estudo da morte física, suas repercussões emocionais e do luto. No Ceará (vale lembrado e aplaudido) a Uece foi uma das primeiras a ensinar Tanatologia, há quase 10 anos, no seu Curso de Enfermagem. No Brasil, a paliaçãos destes doentes começou (2002) com a médica Maria Goreti S. Maciel, na Enfermaria de Cuidados Paliativos do Hospital do Servidor Público (São Paulo). Nesses Centros, os paliativistas não mais praticam a “obsessão terapêutica” de tratar tudo. Ali os pacientes morrem porque chegou-lhes a hora, mas se despedem da vida, não seqüestrados numa UTI, com todos os membros perfurados, e penetrados nos seus orifícios naturais, mas com dignidade, confortados pelo amor dos seus, como se morria antigamente, em paz. Pedro Henrique Saraiva Leão - Médico. Presidente da Academia Cearense de Letras ph.saraivaleal@bol.com.br artigo encontrado em O Povo Online

Eutanásia e Cesariana (Ana Carolina)

Esta errado em pensar dessa forma? Gostaria de compartilhar a maneira de eu pensar em questão da eutánasia. Lendo o livro "Dançando com a morte" de Keizer (ele é um médico que antes fizera filosofia e que trabalha com pacientes em fase terminal,reside na Holanda, onde a eutánasia é legalizada) fiz uma analogia entre a cesariana e a eutánasia, como uma forma "sutil" e de compaixão de ajudar o próximo à conclusão de seus fins últimos : nascer X morrer respectivamente. Se não há erro no ato da cesariana por quê haveria na eutánasia? Cesária há muito ficou como prática rotineira, muitas vezes como método de capricho de médicos e pacientes_e não apenas em caso de complicações no parto_.Então,será que a ajuda para o nascer e o morrer não equivalem? Porque seria desumano falarmos de eutánasia e não de cesária? Alguém tem dificuldade em aceitar que ajudar a morrer pode ser tão necessária e digna quanto ao ajudar a nascer? ps: claro que eu me refiro a pacientes em fase terminal, que sejam conscientes de seu estado e que permitam ou até mesmo clamam por a eutánasia.

A Morte como Mercadoria: Aproximações Psicossociais do Produto Funerário como Bem Econômico (Erasmo Ruiz)

Aprendemos desde a mais tenra infância que o comportamento de consumo deve estar associado ao prazer, em parte, desfrutado pela assimilação da mercadoria como valor de uso. Compartilhamos da ilusão de que somos livres consumidores que escolhem livremente o que comprar. Já que o dinheiro é uma mercadoria muito ansiada e rara, o fato da maioria de nós não o possuir em grande quantidade faz com que realizemos as pesquisas de preço buscando consumir mais com menos dinheiro. Aqui, um primeiro impasse em relação ao consumo de serviços funerários se apresenta. Não queremos conviver com a morte. Mas quando ela acontece, temos obrigatoriamente que consumir produtos que não desejamos, temos que realizar escolhas que não queremos. A forma como lidamos com a mercadoria “produtos funerários” é, portanto, esvaziada das formas significadoras que aprendemos a usar em relação aos gestos de consumo. Poucos teriam a visão prática, por exemplo, de fazer uma pesquisa de preço para buscar a urna funerária mais barata, a coroa de flores mais em conta, o velório menos dispendioso. Além disso, os produtos funerários não estão dispostos em out-dors ou podem ser vistas em glamorosas publicidades de revistas de grande circulação. Diante da pergunta se venderíamos ou não um irmão, ela parece soar estranha e bizarra. Com certeza porque as relações familiares ainda não se renderam a lógica da mercantilização. É uma sensação similar que temos quando lidamos com a morte e seus aspectos econômicos. Não estamos habituados a comprar aquilo que não queremos. Quando consumimos, queremos utilizar as coisas pela sua beleza e prazer. Instaura-se uma relação em que, no lugar do desejo hedônico, existe o ódio e o sofrimento. Intuindo essa tensão, as empresas funerárias mudaram há alguns anos sua estratégia de marketing. Se antes estávamos acostumados àquelas funerárias em torno dos hospitais, com urnas expostas nas calçadas, agora nossa sensibilidade expressa a necessidade de consumir os produtos mortuários na ausência de sua visibilidade. As empresas em seu “layout”, começam a se assemelhar à agências de turismo. Seus nomes sinalizam “tranqüilidade”, “carinho”, “cuidado”, refletindo a necessidade de se atuar e se falar sobre a morte como se ela não existisse. O atendimento, em particular quando voltado as classes médias urbanas, vende o produto funerário como se estivéssemos num agência de automóveis. Cada novo aparato num funeral é como se fosse um “opcional”. Detalhes como o tipo de bebida e comida a ser oferecido para as pessoas que comparecem ao velório bem como se haverá ou não veículo coletivo para buscar convidados num aeroporto ou leva-los a um cemitério, são itens a serem possivelmente consumidos. Os funcionários são treinados para mostrar sempre uma postura respeitosa e cordata. Falas como “volte sempre” e “foi um prazer servir você” tornam-se expressões inaceitáveis. Na mídia, os produtos funerários oscilam entre mensagens sérias e respeitosas, ou então, são associados a situações cômicas. O sagrado é afugentado por um profano cada vez mais estruturado a partir das relações de troca. Entretanto, o limite parece ter sido atingido por uma empresa italiana de produtos funerários, que disponibiliza em seu sítio na internet, entre muitas coisas, um conjunto de calendários com mulheres sensuais associadas a caixões. A foto abaixo é um dos muitos exemplos: vide cofanifunebri Um novo olhar sobre o lema "Carpe Diem" dos romanos? Um convite para uma sexualidade desenfreada porque um dia iremos morrer? Nem tanto. Apenas a constatação mercadológica de que a maioria dos indivíduos proprietários de empresas funerárias são homens e, semelhante ao que acontece com outros produtos com a marca da masculinidade, explora-se o viés machista de seu público. Neste sentido, sob o prisma econômico, camisetas, cervejas, carros, futebol e urnas funerárias, chafurdam na mesmice das relações de troca mediadas pela mercadoria dinheiro. Em outra vertente, numa sociedade que patologiza a morte como algo antinatural, torna-se necessário expandir os serviços médicos oferecidos por uma medicina cada vez mais escravizada frente ao aparato tecnológico, nem tanto pelo paradigma da promoção de saúde, mas, principalmente, pelo paradigma que vê na morte uma eterna inimiga, a doença em si mesma. Se por um lado o discurso médico sinaliza que a morte e o morrer podem estar subordinados a soluções científicas, essas mesmas soluções são vendidas como mercadorias que promovam a saúde. Aqui promover a saúde significa negar a morte. Este talvez seja um dos aspectos que intensifiquem a exclusão social da velhice. O velho sempre nos lembra que ele é o novo lócus da morte. Daí, portanto, a mercantilização do nosso medo de envelhecer transmuta-se no crescimento vertiginoso do esteticismo, das cirurgias plásticas e do consumo de cosméticos. Antes de se parecer com jovens, as pessoas na verdade querem neuroticamente negar a própria finitude. No capitalismo não só são mercantilizadas as práticas objetivas em torno da morte, mas também nossas sensações psicológicas de medo e afastamento. Por fim, temos que destacar um outro aspecto importante. Se em toda a sociedade o acesso às mercadorias produzidas bem como ao usufruto da riqueza delas advinda é desigual, o mesmo podemos dizer referente a mercantilização da morte. Toda hora somos bombardeados por notícias que nos permitem o direito ao otimismo. O “admirável mundo novo” de Huxley está diante de nós. Abandonou o papel e ganhou materialidade, inclusa suas contradições. Se a média de vida aumenta, quem de fato vive a média de vida se a maior possibilidade de acesso aos bens materiais e simbólicos parece ser um fator decisivo referente à quantidade e qualidade dos anos que vivemos? Frente as mazelas da fome e da miséria um arsenal de instrumentos se revelam eficazes, mas o que fazer se a sociedade mercantil parece preconizar o uso dessas técnicas muito mais em função do valor de troca? Isso nos permite afirmar que, aparentemente, vivemos numa sociedade que preconiza uma “engenharia da morte”. Este talvez seja o aspecto mais apavorante da mercantilziação do morrer, pois estar à margem do mundo das possibilidades de consumo significa, em maior ou menor grau, ter mais chances de morrer cedo, mal assistido e com sofrimento. É para fugir desse mundo de horrores, de um sistema de saúde que atenda de forma desigual e excludente, que a classe média deságua nos planos de saúde. Ironicamente, são nesses planos que a mercantilização da vida e da morte podem ser mais claramente aferidos. Ai daquele cujo corpo necessite de exames e outros procedimentos não cobertos pelo plano. Sua morte estará decretada. Ai daquele que necessite permanecer mais tempo na UTI, sua execução será sumária. Pobre do homem que precisar fazer outra tomografia computadorizada antes que o tempo para tal possa novamente ser contado. O plano de saúde, como qualquer prática de compra e venda, é regulado por um contrato comercial. Só percebemos isso quando nossos corpos rebeldes recusam-se a subordinação de leis de mercado e “quebram” regras contratuais. Chegamos assim ao limite da coisificação quando as ações de seres humanos frente a outros seres humanos, com vida diretamente ameaçada, estão sujeitas a normas burocráticas, parágrafos e clausulas regulatórias, expressões diretas da lógica advinda da “mão invisível” que esquadrinha corpos e práticas, reduzindo o homem àquilo que ele é, de fato, no capitalismo: uma mercadoria que além de agregar valor pode, como qualquer mercadoria, ser usada e vendida. Aqui finalizamos nossas digressões. Para comprova-las, ou não, basta a ida ao mundo cotidiano, pulsante de ação e vida. É o que pretendemos no futuro. No momento, fiquemos na companhia de Manuel Bandeira: Quando o enterro passou Os homens que se achavam no café Tiraram o chapéu maquinalmente Saudavam o morto distraídos Estavam todos postos para a vida Absortos na vida Confiantes na vida. Um no entanto se descobriu num gesto largo e demorado Olhando o esquife longamente Este sabia que a vida é uma agitação feroz e sem finalidade Que a vida é traição E saudava a matéria que passava Liberta para sempre da alma extinta. Não sei se a vida é traição, mas pensar na morte nos faz refletir muito sobre a vida. Talvez ai resida uma das tristes conseqüências da mercantilização da morte e do morrer. A reificação do luto e da dor nos narcotiza frente às questões mais importantes e que, respondidas, exigem resoluções que não são meramente discursivas, mas também atuantes. Nosso ser agnóstico muitas vezes se debate frente à possibilidade do fim como algo absoluto. Não queremos contaminar o leitor com divagações depressivas. Fica, no entanto, o lembrete que a mercantilização da morte é uma das conseqüências da mercantilização da vida. A reificação das práticas e rituais em torno dela produzem essa ação maquinal habilmente descrita pelo poeta. Volta e meia podemos, além da opacidade da sociedade mercantil, olhar a morte pelo que ela tem de mais importante e, por que não dizer, lírico. A morte é uma exímia professora que nos ensina que tudo é transitório e, assim, nos ajuda a revestir todos os aspectos da vida com a sua real importância, estruturada por eventos singulares e preciosos.