Quem quer ser enterrado ao lado de Marilyn? (Erasmo Ruiz)

A mania de querer ser enterrado ao lado de gente "famosa" vem desde muito tempo. No Egito antigo os súditos nobres tentavam fazer seus túmulos perto dos faraós. Já no Cristianismo foi sendo criado o hábito de se enterrar as pessoas nas igrejas e/ou perto das relíquias dos santos para buscar sua proteção e intervenção. Agora,em tempos que a mercatilização vai ditando as regras, os ricos além de poderem viajar para o espaço (e assim poderem ir para o Céu), podem desfrutar da "alegria" e "prazer" de passarem toda a eternidade ao lado de Marilyn Monroe. Um túmulo vizinho ao da atriz está sendo leiloado ha uma semana. Quando todos pensavam que o leilão havia acabado, o vencedor resolveu aproveitar o dnheiro em vida e retirou o seu lance, o que, digamos, parece ser uma decisão muito sábia. Agora, se você tem 5 milhões de dólares sobrando (pouco mais de 9 milhões de reais), corra! Esta é a sua chance de ficar ao "lado" de Marilyn Monroe pois o leilão acaba de reabrir no Ebay. A Revista Caras bem que poderia fazer uma bela reportagem falando sobre ricos e famosos nos cemitérios. Mais detalhes, veja notícia abaixo: LOS ANGELES, EUA, 25 Ago 2009 (AFP) - A oportunidade de ser enterrado em um túmulo próximo ao da atriz Marilyn Monroe está novamente aberta, depois que o vencedor do leilão no eBay retirou a oferta de 4,6 milhões de dólares por "problemas de pagamento". O jornal Los Angeles Times informa que um japonês não identificado foi o vencedor do leilão do túmulo atualmente ocupado por um homem chamado Richard Poncher, que morreu há 23 anos, com 81, e que fica próximo ao local da morada final da famosa atriz. A viúva de Poncher, Elsie, decidiu exumá-lo e vender a valiosa sepultura para pagar os custos de sua casa em Beverly Hills, avaliada em 1,6 milhão de dólares. O túmulo fica acima do espaço coupado por Marilyn Monroe no cemitério Westwood Village Memorial Park, em Los Angeles, onde também foram sepultados Natalie Wood, Truman Capote e Farrah Fawcett. A oferta vencedora do leilão chegou a 4.602.100 dólares. No entanto, horas mais tarde o vencedor escreveu ao representante de Poncher e retirou a oferta. Outros 11 participantes ofereceram pelo menos US$ 4,5 milhões pelo túmulo, segundo o Los Angeles Times. "Esta é uma oportunidade única na vida, de poder passar a eternidade logo ao lado de Marilyn Monroe", dizia o anúncio do leilão. A viúva Elsie Poncher contou ao jornal Los Angeles Times há duas semanas que seu marido, um empresário supostamente ligado à máfia de Chicago, havia comprado a sepultura em 1954 do ex-marido de Marilyn Monroe, o jogador de baseball Joe DiMaggio. Elsie também disse ao jornal que, antes de morrer, o marido brincou com ela: "Se eu morrer e você não me enterrar em frente à Marilyn, te perseguirei por toda a eternidade". Hugh Hefner, fundador da revista Playboy, comprou o túmulo adjacente ao da atriz em 1992 por 75.000 dólares.

Simpósio Brasiliense Sobre Morte e Morrer

Esse ano, o Simpósio Brasiliense sobre Morte e Morrer, traz como tema: Lidando com a Morte no Contexto Hospitalar: Um diálogo entre medicina, enfermagem e psicologia O simpósio acontecerá em Brasília-DF, 28 de Agosto de 2009, Auditório do IESB. Mais informações: Instituto Agilità www.institutoagilita.com.br Fone:(61) 3234-2438 / 3361-0261

Lançamento de livro sobre cuidados paliativos

Nesse dia 16 de setembro, às 10 horas, no hall do Instituto Central do HC-FMUSP, acontecerá o lançamento do livro Cuidados Paliativos: Discutindo a Vida, a Morte e o Morrer (editora Atheneu). O livro, de Franklin Santana Santos, traz reflexões sobre teorias e práticas dos cuidados paliativos, respeitando múltiplas dimensões presentes nesse universo, bem como assumindo perspectivas que incluam a dimensão espiritual, social e cultural da morte, rompendo o paradigma mecanicista da morte, tão comum nos meios médicos.

O jovem homem e a morte (Douglas Garcia*)

Spielberg filmou “O império do Sol” no final dos anos oitenta, há mais de vinte anos. J.G. Ballard escreveu o livro do qual o filme se origina, bem como diversos romances e contos, do qual “Crash” também originou um filme, de David Cronemberg. Li recentemente “Milagres da vida”, autobiografia de J. G. Ballard. O título foi a primeira coisa que me intrigou, uma vez que, logo nas primeiras páginas, Ballard se diz decididamente ateu, desde a infância, postura na qual persistirá por toda a vida. O que seriam os “milagres da vida”? Ele o diz, lá pela metade do livro, e não seria educado eu contar agora, estragando o prazer da descoberta dos futuros leitores. “Milagres da vida” foi escrito sob a perspectiva da morte certa de seu autor, que já vinha acometido de uma doença fatal. Ele o escreveu alguns meses antes de morrer. Os capítulos iniciais do livro, que descrevem a sua infância em Shangai, são os mais vivos e bonitos. Há um imenso colorido e vontade de comunicação expressa nesses capítulos, que correspondem inteiramente aquilo que o autor projetara ficcionalmente em “O império do sol”, e que é filmado por Spielberg. Rever o filme, após ter lido o livro de Ballard me deu uma nova dimensão do trabalho de Spielberg, que se preocupa, nos melhores detalhes, em capturar a experiência do mundo através dos olhos do menino. A interpretação de Christian Balle, criança, no papel que corresponde ao menino Ballard é extraordinária, talvez uma das melhores atuações infantis na história do cinema. A primeira cena de “O império do sol” é a de uma tomada do alto, de um rio tranqüilo, no qual belas flores são docemente levadas pelo fluxo da correnteza. Pouco depois, o espectador vê algo mais: elas são o acompanhamento de caixões de mortos, depositados por pessoas pobres da China diretamente nos rios (esse contexto, fico sabendo pelo livro de Ballard). E, após, um navio de guerra segue em frente, empurrando esses caixões para o lado.. A última cena do filme é também a do mesmo rio, em Shangai, no qual o espectador vê boiar a pequena mala que o menino usara nos anos de guerra, da sua “segunda infância”, totalmente diferente da protegida infância na casa dos pais. Nos melhores filmes de Spielberg, além da riqueza de efeitos visuais, há uma preocupação metafísica, que talvez passe despercebida às pessoas, mesmo aos críticos de cinema. Em “O império do sol”, há as questões metafísicas da morte, de Deus, do outro e do sentido do real e da imaginação. Isso fica mais evidente quando se lê a autobiografia de Ballard. Spielberg desdobra essas questões em termos visuais, com dignidade. O tema central é o da morte, do desaparecimento do real que ela traz – mas um desaparecimento ambíguo, uma vez que permanece na memória e na imaginação – e da irreversibilidade do tempo, que ela aponta. Os elementos visuais dos quais Spielberg se apropria são: as grandes massas humanas, os indivíduos isolados e frágeis, à beira da morte. As águas do rio, em que se misturam vida e morte. Os aviões, que também misturam vida e morte: trazem as bombas que matam, mas são a expressão máxima do talento humano no campo da técnica, que promete uma elevação do homem a níveis maiores de experiência. O menino Jim, no filme – assim como J.G. Ballard, que se tornou aviador por um período, depois da guerra, o sabemos por sua autobiografia – é completamente fascinado por aviões, e possui diversas miniaturas e aeromodelos, que são seus brinquedos favoritos. Ele admira os pilotos japoneses, por sua habilidade e coragem. Ele admira sobretudo os jovens piloto kamikaze japoneses, que vê partir para a morte certa com orgulho e dignidade. Esse é o momento central do filme, o momento em que nós, como espectadores, vemos o olhar do menino, e nos colocamos no lugar dele. Spielberg filma muito bem esses momentos. Nós somos crianças diante da morte. *Apresentação de Erasmo Ruiz: Douglas Garcia, além de ser um grande amigo desde a época em que éramos estudantes, é Psicólogo pela USP de Ribeirão Preto, Mestre e Doutor em Filosofia pela UFMG, Professor da Federal de Ouro Preto. Mas o seu principal atributo não são os títulos mas principalmente ser o Pai do Dudu, um intelectual sempre arguto e inconformado com os rumos do planeta e um ser humano fantástico. Claro, ninguém é perfeito, ele torce para o Atlético Mineiro.

Cuidados Paliativos em "Viver a Vida"

Daniel Castro escreveu na Folha de São Paulo o seguinte artigo, uma novidade bem vinda para quem milita na área de cuidados paliativos: Próxima novela das oito faz campanha por "boas mortes" Próxima novela das oito, "Viver a Vida" fará merchandising social dos "cuidados paliativos", nova área de hospitais de ponta que prega um fim de vida digno e com a menor dor possível para pacientes terminais. Como em outras novelas de Manoel Carlos, "Viver a Vida" terá um hospital. E quatro personagens importantes serão médicos, entre eles os de Christine Fernandes, uma oncologista, e Daniele Suzuki, clínica geral, ambas paliativistas. "Os cuidados paliativos são voltados a pacientes que já não respondem mais ao tratamento de cura. Nosso objetivo é garantir melhor qualidade de vida, tanto para esses pacientes como para seus familiares", dirá um personagem da novela, na apresentação da temática. "Nosso trabalho é para que o paciente viva de maneira ativa, até o fim. Não se trata de saber como salvar vidas, mas de como propiciar boas mortes", falará uma das médicas paliativistas. Segundo Christine Fernandes, sua personagem, Ariane, vai buscar "controlar sintomas" e "encerrar processos". "Os médicos paliativistas também cuidam da família dos pacientes. Ajudam a resolver assuntos pendentes", diz. O hospital cenográfico terá um espaço de convivência para pacientes trocarem a cama por atividades. "Trata-se de uma sala agradável, lúdica. Vemos um piano, trabalhos manuais expostos, pinturas nas paredes, móbiles. Pacientes produzindo, fazendo costura, pintura, caixas de madeira, fuxicos", diz texto de apresentação. Além de atores como doentes, haverá depoimentos de pacientes terminais reais. A atriz Christine Fernandes, 41, cuja imagem encabeça esse post, frequentou muito hospital ultimamente. É que em "Viver a Vida", próxima novela das oito, ela interpretará Ariane, uma oncologista que, após ficar viúva, vira uma médica paliativista, que atua para amenizar o sofrimento de pacientes terminais. "A morte não precisa ser, necessariamente, uma coisa triste", diz. Chistine está fazendo laboratório no Instituto Nacional de Câncer, no Rio.

Igreja da Santa Morte (Erasmo Ruiz)

Se você tem uma relação mais metáfisica com a morte a ponto de achar que ela é uma entidade com vida própria (por mais paradoxal que isso possa ser), então temos um lugar especial para você. Durante séculos, a morte teve entidades criadas pelo homem para oferecer sentido explicativo à sua ocorrência, por exemplo, o nome desse blog, Thanatos, diz respeito a uma divindade grega, filho da Noite (Nix) e Érebro, a escuridão que ocorre apenas no mundo dos mortos. Tinha como irmão o Sono (Hipnos). No Cristianismo, a morte sempre esteve presente como figura a ser negada e vencida pela expiação de Cristo. Inúmeras representações mostram Jesus crucificado com a caveira a seus pés. Seguindo a tradição judaica, a morte não é uma entidade, mas desígnio de Deus pelo pecado dos homens. Pois é, agora temos uma Igreja que personifica a morte e a transforma em objeto de culto. Basta que você viaje até o México para frequentar a Igreja da Santa Morte, com 5 milhões de fiéis e que esta semana completou oficialmente 7 anos. Podemos buscar a origem dessa igreja numa mescla complexa da cultura asteca com as formas de catolicismo popular, com suas raízes ainda medievais em que era comum expressões do dia a dia com invocações à proteção da "sagrada morte", o que antes de tudo significa o desejo de uma morte sem dor (o que era difícil para a época dada os exíguos recursos de controle da dor). Lembremos ainda a célebre metáfora de Francisco de Assis ao chamar a morte de "Irmã", que deveria, portanto, ser acima de tudo respeitada como uma das obras da criação e caminho que nos abre as portas para a vida eterna. O que parece de novo aqui é o sincretismo das tradicionais divindades pagãs ligadas à morte com a santidade de base cristã-católica. Mas, o principal é o seguinte. Se você anda confuso sobre o sentido da vida, tem uma relação mística com a morte e anda insatisfeito com a mercantilização da maioria das igrejas, então essa pode ser a sua saída! Da minha parte, como salários de professores andam baixos, vou procurar obter informações sobre quanto ganha os sacerdotes dessa nova igreja. Espero que eles não sejam celibatários. Abaixo um vídeo mostrando os fiéis da Igreja em comemoração

Refletindo Sobre "A Noiva-Cadáver" (Erasmo Ruiz)

Muitos não quiseram nem passar em frente ao cinema para assistir a esse filme de animação de Tim Burton. Tudo bem! Falar sobre morte não dá muita audiência. A questão é que, mais uma vez, o falar sobre a morte é uma desculpa para se falar sobre a vida. Inspirado numa lenda russa, “A Noiva Cadáver” é uma fábula que deve ser vista preferencialmente por adolescentes e adultos, decididamente não é para crianças. O filme conta a história de Victor filho de ricos comerciantes de peixe que é forçado a se casar com Victória, filha de uma família tradicional mas que padece de um grave problema: está sem dinheiro. Assim, o que ela tem de mais valioso a oferecer é o nome, situação perfeita para um casamento de conveniência. O casamento é adiado porque o padre não acredita que Victor esteja em condições físicas e psicológicas para se casar. Assim, nosso herói vai até a floresta para ensaiar a cerimônia. Ao colocar a aliança no que pensa ser um galho seco, na verdade, Victor a estava colocando no dedo de uma jovem morta no dia do seu casamento e que estava enterrada ali apenas para que alguém pudesse, ao casar-se com ela nessas condições, trazê-la do mundo dos mortos ou ser levado para ele. Assustado e ao mesmo tempo constrangido, Victor não consegue encontrar meios para desfazer o mal entendido com “A Noiva Cadáver”. Assim, desenrola-se uma trama divertida com números musicais surpreendentes e um cenário gótico de tirar o fôlego. Mas o filme traz uma outra discussão que vai além da qualidade técnica da animação e das melodias e letras inteligentes. A imposição das normas sociais que cercam Victor faz com que a tensão do personagem se transporte para quem assiste o filme. Na verdade, diante da fatalidade da morte, o que de fato estamos fazendo de nossas vidas? Estamos no controle da situação ou somos meros joguetes das convenções sociais? É essa fina ironia que Burton nos propõe ao subverter o sentido tradicional da estética relacionada a morte. Na verdade, o clima fica sombrio e frio quando os vivos aparecem. Quando os mortos contracenam, as cores são mais vivas e intensas bem como as músicas mais alegres. A mensagem esta ali para ser claramente lida. Não há sentido algum em estarmos mortos para a vida! De resto, o filme é uma exótica história de amor...cheia de desencontros e encantamento. Também é uma forma inteligente de se pensar e mostrar a morte. Se o mundo da morte se mistura com o mundo dos vivos (como acontece na animação), cabe a nós buscarmos a felicidade aqui e agora, lutarmos para afastar a sombra e iluminar nossas vidas antes que a chama se apague! ERASMO RUIZ

Flashs 2 Arte Tumular do Cemitério da Recoleta

Olá amigos, como prometido volto a postar algumas imagens do Cemitério da Recoleta.
A imagem abaixo é uma mulher que se apoia em um altar.
Podemos ver uma mesa estreita na qual uma mulher se apoia, sobre a mesa a base de uma cruz.
na parede da mesa podemos ler Fiat Voluntas Tua, quer dizer, Faça-se Tua Vontade.
A despeito do local onde ela escolheu para seu túmulo suas vestes são simples, não há enfeites no seu cabelo, sua posição é de paciente espera, seu rosto é sereno e compenetrado, sua cabeça está erguida.... ela olha para o céu esperando a vontade do Senhor.
Esta mulher quis mostrar despojo material, suas posses e riquezas não importam mais.... agora que ela apenas espera pacientemente olhando as nuvens mudarem no céu.
Por hoje é só amigos, infelizmente minha conexão não permite muito pois acaba demorando demais para postar, mas em breve trarei mais algumas imagens. Até lá.
corredor de mausoléus
O poder de Deus descoroa o poder da Morte
(Catedral Metropolitana de Buenos Aires)