Mistanásia em hospitais brasileiros. Ajude a evitar (Ayala Gurgel)


Mistanásia, ou mystanásia, é a morte abandonada ou a "morte do rato" - uma vez que o moribundo é condenado a morrer como um "rato de esgoto" (mys). O termo, já bastante explorado por Pessini e Barchinfontaine, significa, basicamente, a morte de milhares de pessoas sem nenhuma assistência, jogada à própria sorte, em lixões, debaixo de pontes, nas ruas, em bueiros, e também em casa ou nos hospitais.

Nesse último, corredores lotados com moribundos e pacientes abandonados por amigos e familiares são a principal característica dessa forma de morte. Só em São Paulo, fora os centenas que ocupam os corredores e macas dos hospitais de urgência e emergência, são, atualmente, quase uma centena (79 pessoas) em completa situação de abandono por amigos ou familiares. Tratam-se dos chamados "esquecidos".

O site do uol traz uma matéria sobre eles:
http://noticias.uol.com.br/ultnot/cienciaesaude/ultimas-noticias/2010/09/10/site-mostra-79-pacientes-esquecidos-em-hospitais-paulistas.jhtm

"Atualmente, há pelo menos 79 pessoas internadas em hospitais do Estado de São Paulo sem identificação e sem a companhia de um familiar ou amigo. Do total, 45 estão em hospitais da capital, quatro em Guarulhos, quatro em Santo André, seis em Mogi das Cruzes, uma em Arujá, uma em Santa Rita do Passa Quatro, uma em Campinas, uma em Osasco, uma em Botucatu, uma em Diadema, 11 em Ribeirão Preto, uma em Santos, uma na Praia Grande e uma em Várzea Paulista.
A Secretaria Estadual da Saúde disponibiliza em seu site (www.saude.sp.gov.br) um serviço para que os pacientes sem identificação possam ser encontrados por seus familiares. As fotos e dados desses pacientes são disponibilizados pelos hospitais. O serviço é gratuito e aberto para qualquer hospital, público ou particular.
Para colocar a foto de pacientes “esquecidos” no site, os hospitais precisam encaminhar um e-mail para naoidentificado@saude.sp.gov.br com os seguintes dados: nome do hospital, endereço do hospital, telefone do setor responsável, e-mail do setor responsável, nome completo do responsável, R.G. e C.P.F. do responsável, características físicas do paciente (sexo, cor da pele, dos cabelos, dos olhos, altura e peso), além da foto do paciente. As informações também podem ser enviadas à Secretaria pelo correio."

Outra matéria se encontra no blog Papo com o Leitor
http://wp.clicrbs.com.br/papocomoleitor/2009/12/page/3/

"Quando a repórter Camille Cardoso apresentou a sugestão de pauta, foi paixão à primeira vista. A reportagem contaria a história de pessoas que foram internadas para fazer tratamento contra doenças mentais e, com o passar do tempo, foram sendo esquecidas pelos familiares. Tanto que acabaram tendo que literalmente morar em hospitais, sob a tutela do poder público.
Um assunto delicado. Que exige tempo. E muito tato para conversar com pacientes, médicos e autoridades da área de saúde pública. Camille ficou cerca de uma semana debruçada sobre a pauta. Foi a São José, para conhecer a história de um joinvilense que vive na área da antiga Colônia Santana. Apurou, conversou, escreveu. A reportagem era uma das apostas da versão impressa de “AN” de domingo passado. Acabou perdendo espaço para o noticiário esportivo, que se impunha pela factualidade: o título do JEC na Copa SC, a apresentação da rodada decisiva da Série A, a análise do grupo do Brasil e dos seus possíveis caminhos na Copa da África.
Mas o assunto não podia esperar até o próximo domingo, porque nesta sexta-feira os personagens participam de um encontro em Joinville. Que merecerá a cobertura deste jornal. A decisão, então, foi publicar a reportagem na versão impressa de “AN” desta quinta-feira. As histórias humanas são tão impactantes que o assunto mereceu a moldura principal da capa. Um detalhe importante: até havia autorização para publicarmos os nomes reais dos pacientes, mas acabamos decidindo preservar suas identidades para evitar que sejam vítimas de preconceito ou constrangimento hoje ou no futuro.
Se você é nosso assinante, corra lá nas páginas 12 e 13. Se não é, aproveite que é cedo e vá até a banca ou ao jornaleiro mais próximo. Depois, conte pra gente o que achou."


É possível fazer algo: uma reforma tanatológica na saúde brasileira

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