11 de
setembro de 2001, a maior potência mundial da atualidade, os Estados Unidos, é
atingida pelo terror. Quatro aviões são sequestrados, dois deles
arremessados contra cada uma das Torres Gêmeas do World Trade
Center, em Nova York, um cai sobre o Pentágono, na cidade sede do
governo americano, e o outro cai em um campo na Pensilvânia. Esses
foram os acontecimentos que marcaram a maior ação terrorista já
vista em todo o mundo, um episódio totalmente imprevisível que
destruiu a ideia da invulnerabilidade americana.
Estima-se
em aproximadamente três mil o número de mortos em consequência dos
atentados. Entre eles, estão os "jumpers", ou saltadores, pessoas que
optaram por pular das torres em vez de esperar o que estava por vir.
Por alguns, são considerados suicidas; por outros, especialmente pelos órgãos oficiais, vítimas de
assassinato. Independentemente de denominações, todos hão de
concordar que a decisão que os jumpers tomaram foi decorrente dos
ataques e da situação em que se encontravam.
O fato de
estarem em um prédio em chamas, com muito calor, dificuldade para
respirar, totalmente sem saída e esperança de serem tirados dali,
era um sinal de que, a qualquer momento, o pior iria acontecer.
Então, por que não tomarem posse do direito de escolher, dentro as
opções que tinham, como seriam os últimos segundos das suas vidas?
Alguns preferiram esperar o destino agir. Já os jumpers – ou
conscientes do futuro, ou tomados pelo desespero que sentiam –
resolveram agir por ele.
A maioria
dos americanos prefere fechar os olhos e ignorar as imagens das
dezenas ou centenas de pessoas (cerca de 50 a 200) se jogando das torres naquela terça-feira,
mas encarar a realidade do cenário de horror e desespero daquele dia
é indispensável. Não só porque precisamos falar da morte para compreendermos e aprendermos a conviver com o sofrimento de uma tragédia como aquela, mas porque, se não o fizermos, aquelas imagens proibidas ficarão, para sempre, rodando os sites mais sensacionalistas, exibindo a morte escancarada, tão pornográfica quanto a morte escondida.
Não queremos dizer que são cenas fáceis de se ver (a maioria já foi deletada e desapareceu das reportagens e documentários sobre o 11 de setembro), mas são cenas contra as quais, pela memória dos mortos que escolheram ser taxados como suicidas, não podemos voltar a face para o outro lado e pensar que todos morreram da mesma forma. Não podemos varrer esses suicidas para baixo do tapete como se não tivessem existido, seria um desrespeito, matá-los novamente.
O documentário "The Falling Man", de Henry Singer, é um dos poucos que recupera a memória desses mortos em meio a uma sociedade que convive tão mal com a ideia do suicídio e o luto por pessoas que cometeram suicídio. Não sabemos ao certo, nem temos como saber, se aquelas pessoas agiram por impulso, medo, desistência, falta ou excesso de fé, mas elas têm algo a dizer sobre nós, enquanto se lançavam para a morte: como pensamos na nossa própria terminalidade? faríamos a mesma coisa? esperemos sempre que não: que não tenhamos que decidir morrer como decide o escorpião e, muito menos, que tenhamos outro 11 de setembro para relembrar.
Dayara Cutrim é aluna de graduação em Enfermagem da UFMA
Para saber mais sobre os jumpers:
http://ultimosegundo.ig.com.br/11desetembro/mergulho+para+a+morte+e+tabu+do+11+de+setembro/n1597196086325.html
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