Pesquisa avalia projeto pedagógico de curso de Enfermagem

Análise do Projeto Pedagógico de uma graduação em Enfermagem no tocante à formação tanatológica

GURGEL, W.B.; MOCHEL, E.G.; FRANÇA, A.C.B

(INTRODUÇÃO): Avaliação da formação tanatológica do aluno de Enfermagem de uma universidade federal a partir da proposta pedagógica do curso. (OBJETIVOS): Pretende-se analisar o tipo de preparação tanatológica que é dada ao futuro profissional de Enfermagem a partir da análise da proposta pedagógica do seu curso. (MÉTODOS): Em uma abordagem qualitativa, aplicou-se o método da Análise de Conteúdo para identificar as ocorrências semânticas, em termos de sentidos e freqüências dos vocábulos e proferimentos associados à uma educação para a morte. (RESULTADOS): Observou-se a presença de conteúdo tanatológico voltado para a formação dos acadêmicos em Enfermagem dessa universidade. Os termos encontrados e suas respectivas frequências foram: ciclo vital (4), morrer (3), eutanásia (1), aborto (3), morbiletalidade (1), gestação de alto risco (1), risco de morte materna (1), recém-nascido de alto risco (1), paciente fora de possibilidades terapêuticas (1), cuidados paliativos (2), luto (3), fim da vida (3), morte (6), rito de morte (1), enlutada (1), morrendo (1), paciente terminal (1), matam (1), morte como ofício (1), condição crítica (1). Esses termos, quando agrupados por afinidade, destacaram-se em dois grupos: diagnóstico (ciclo vital, risco de morte materna, recém-nascido de alto risco, paciente fora de possibilidades terapêuticas, morrendo, paciente terminal) e atuação profissional (morrer, eutanásia, aborto, morbiletalidade, gestação de alto risco, cuidados paliativos, luto, fim da vida, morte, rito de morte, enlutada, matam, morte como ofício, condição crítica). Não houve agrupamento de afinidade por prognóstico. As relações de co-ocorrência com morte foram: gestação, recém-nascido de alto risco, ritos, terminalidade, maternidade, processo, risco e luto, sendo que a mais frequente foi terminalidade. As relacionadas a luto foram duas: enlutadas e terminalidade, o mesmo ocorrendo com aquelas relacionadas a morrer, que foram: morte e morrendo. Além disso, encontramos no documento analisado a presença de perífrases («fora de possibilidades terapêuticas») e eufemismos («fim da vida» e «paciente terminal») para se referirem a morte e morrer.(CONCLUSÃO): Mostrou-se que há preocupação evidente com a formação tanatológica do graduando em Enfermagem, apesar de se observar haver concentração dos termos na área da perinatologia e em disciplinas eletivas ou de outros departamentos acadêmicos, o que levou a questionar o porquê de as disciplinas com esse perfil estabelecerem mais associações com a morte do que as demais.

Palavras chaves: Morte; Morrer; Educação; Enfermagem.

Para saber mais ou entrar em contato com os pesquisadores, envie e-mail para:

ayalagurgel@yahoo.com.br

2 comentários:

Erasmo disse...

Parabéns meu amigo. É muito bom produzir conhecimento e, neste caso, produzir conhecimkento sobre amaneira como o conhecimento é difundido. Percebo que estaria havendo um "contraponto" entre a forma como o currículo é organizado ("cristalização" da negação da morte)e a busca dos alunos (ruptura com a interdição). Se for isso mesmo, você deve publicar essa pesquisa correndo pois esse achado pode funcionar como um balizador para futuras reestruturações de currículo. Grande abraço do ERASMO

Ayala Gurgel disse...

Meu caro, Erasmo
Você está coberto de razão, parece-me haver essa dinâmica dialética, fruto do trabalho de tantos tanatólogos competentes. Inclusive li as suas pesquisas sobre o mesmo assunto, publicadas em 2003, na Revista Estudos de Psicologia (v.20) onde já apontava nessa direção, apesar dos interditos. Mandei para o seu e-mail o projeto da pesquisa para que ele possa ser aplicado na sua universidade. Do mesmo modo, disponibilizo-os aos pesquisadores que desejarem aplicá-lo também em seus cursos, afinal, essa rede pretende justamente ser isso: um intercâmbio de práticas científicas sobre morte e morrer.