IV CONGRESSO INTERNACIONAL DE CUIDADOS PALIATIVOS (dia 07/10/10)


Abertura dos trabalhos no horário, com a sessão Encontros com o professor, distribuídos em três salas: auditório 01: Náusea e vômito em cuidados paliativos, com Veruska Menegattti Hatanaka, auditório 02: Hipodermóclise, com Eliete Azevedo, e auditório 03: Luto em cuidados paliativos (encontro da Sociedade Brasileira de Psico-Oncologia), com Maria Helena Franco., que, por sinal, foi a sala mais disputada.


Na sessão plenária, Lawrence Librach falou sobre as estratégias políticas usadas no Canadá para a construção de uma educação para os cuidados paliativos. Ele destacou aspectos gerais e outros particulares considerados importantes para a implementação dessas estratégias. Entre essas, consideradas muito importantes, estão as influências da sociedade atual (novas epidemias e tecnologias médicas, consumismo e acesso a informação) e micro-forças, dentre as quais o papel das lideranças e das instituições envolvidas com o projeto de cuidados paliativos.
Igualmente falou sobre sua experiência na construção do Temmy Latner Centre for Palliative Care, no Canadá, destacando-o como um processo articulado com essas forças e tendo que enfrentar dificuldades das mais diversas ordens, embora o tenha apresentado como um projeto sem volta. As dificuldades foram mais facilmente enfrentadas com a criação de um coletivo que reuniu lideranças e interessados em uma política de cuidados paliativos. Mais informações, segundo ele, podem ser obtidas no site: www.goldstandardsframework.nhs.uk.

Henrique Parsons segue Lawrence e fala sobre o EPEC Brasil. Sua fala começa justamente recapitulando a origem do EPEC e como ele está sendo «nacionalizado». EPEC significa Educação em Cuidados Paliativos e Cuidados no Final da Vida. O projeto tem algumas dificuldades no Brasil por questões ideológicas (há quem seja contra), por ignorância (não sabe o que é ) e por falta de informações (há muitos praticando sem saber o que faz). A vantagem dessa educação é que todas essas pessoas vão morrer e todas elas precisarão de cuidados. A geração futura deve ser o nosso foco, pois é essa que cuidará da geração atual. O EPEC não forma paliativista, ele apenas fornece ferramentas pedagógicas e ideológicas, o que forma o paliativista é a prática cotidiana em lidar com as pessoas em fim de vida. As competências básicas dessa formação envolvem a relação família, sociedade, paciente e profissional, o que envolve habilidades como comunicação. Ao explicar a metodologia da EPEC Brasil, Henrique mostra a abrangência (online 80% e presencial 20%) e o público (que, segundo ele, ainda estará muito voltado para os médicos). A metodologia ainda envolve chats, foruns, treinamentos e provas. Ele termina sua fala evocando Vila-Lobos com uma educação não sobre pássaros empalhados, mas pássaros vivos que possam voar. Seu e-mail é: hparsons@mdanderson.org.

No debate, Henrique Parsons promete o início do EPEC Brasil para 2011, com a possibilidade de uma turma formada em final de 2012.

Após a sessão plenária, cafezinho e visita aos posteres. Apresentações de todo o Brasil sobre os mais diversos aspectos em cuidados paliativos. O pessoal de psicologia e enfermagem arrasando. Meus parabéns.

A sequência nos trouxe às sessões de temas livres. No anfiteatro, Simpósio do CFM, Declaração antecipada de Vontade, Diretiza antecipada como instrumento jurídico, Terminalidade e decisões no atendimento à criança, O médico como agente da autonomia. Na sala 2, Controvérsias em cuidados paliativos, Terapia renal substitutiva, Uso de antimicrobianos no final da vida. Sala 2, Perfil de atendimento da equipe de cuidados paliativos em um hospital universitário, Critérios de identificação de demanda para cuidados paliativos e de regulação no contexto do SUS, Educação em cuidados paliativos na rede municipal de saúde de Campinas, Estudo comparativo por grupo etário de pacientes em cuidados paliativos atendidos em um hospital universitário, Protocolos de avaliação como ferramenta clínica e científica no campo dos cuidados paliativos. Na sala 3, Psicologia e cuidados paliativos, cuidados com o profissional que atua em cuidados paliativos, Assistência ao adulto e formação profissional, Assistência à criança, ao adolescente e ao neonato.


Á tarde do dia 07

Sessão plenária II: Cuidados paliativos como um direito do cidadão, coordenado por Ligia Py. Os palestrantes Ayala Gurgel e Cláudia Burlá apresentaram, respectivamente, os temas O direito à autonomia e à dignidade e A prática clínica como instrumento do direito. Na sua fala, Ayala destacou a relação dialética entre dignidade e autonomia, mas fez questão de destacar que ambos os conceitos são historicamente determinados e que comportam inúmeras contradições. No final, chamou atenção para o cuidado de evitar que tal especialidade médica não se torne uma mercadoria a mais como outra qualquer. Claudia destaca, a partir de uma fala de Rubem Alves (O Médico) de que os cuidados paliativos são uma realidade necessária e que deve tocar mais a alma do que o corpo.

Nova sessão de visitas aos posteres. São, ao todo, 136 trabalhos, oriundos de instituições de todo o país, com as mais diversas metodologias, dentre as quais relato de caso, estudos descritivos e análise das narrativas são as mais destacadas.

A última sessão da tarde, troca de experiências, foi dividida por salas, sendo no Anfiteatro o tema Educação em cuidados paliativos durante a graduação, contando com a presença de Reinaldo Ayer, Lawrence Librach, Rita de Cássia Macieira e Maria Júlia Paes da Silva; na sala 1, Interface dos cuidados paliativos com outras áreas do saber, contando com a presença de Maria Goretti, Alfredo Helito, Chei Tung Teng, Eduardo Siqueira; a sala 2, Caso clínico com narrativa oral de paciente em cuidado paliativo internado em domicílio, contando com a presença de Julieta Fripp, Fábio Olivieri, Rosmari Vieira e Marília Othero; na sala 3, Experiências brasileiras em cuidados paliativos, contando com a presença de Marília Othero, Julieta Fripp, Mirela Rebello e Antonina Pontes.

À noite, a ANCP ofereceu um jantar para os conferencistas, na Lellis Trattoria.

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