Luto Virtual (Paula K Portugal)



 
Para expressar os sentimentos surgidos com a perda de um ente querido, os usuários encontram nas redes sociais mais um espaço de desabafo. Aqui vale fazer álbuns de foto em homenagem àqueles que já se foram, e/ou trocar a imagem do perfil por símbolos do luto, como a fita do luto ou a rosa negra, e pela foto do falecido.
Poemas e trechos de musicas como “Gostava tanto de Você” de Tim Maia, também acabam sendo utilizados por possuírem letras que se encaixam perfeitamente neste momento de perda.
Nas mensagens postadas pelos usuários percebe-se um turbilhão de emoções como, alivio pelo parente ou amigo não estar mais sofrendo; esperança em um paraíso e na existência de Deus; o enaltecimento do falecido, pois como dizem, para ficar bom, basta morrer!; além de questionamento como porque isso está acontecendo? Porque Deus levou aquela pessoa?
Todas estas manifestações despertam uma rede de apoio e comoção de outros usuários, podendo caracterizar-se assim como um pedido de apoio. São também um grito de liberdade para o turbilhão de sentimentos despertados com o luto, uma vez que o ciberespaço é um lugar sem limites para a expressão daquilo que se sente, muitas vezes guarnecido pelo anonimato.

3 comentários:

Adriana Mendonça disse...

Sem contar a facilidade que um assíduo usuário das redes sociais possue em expressar seus sentimentos virtualmente em vez de in vivo. Praticamente supre aquela necessidade de desabafo que aparece quando o luto vem a tona de forma sofrível.

Anônimo disse...

Adriana, essa facilidade é técnica (usar a rede, como ocorre com a geração X) ou será uma facilidade da geração atual que está se afastando dos interditos da morte? o que vocẽ acha?

Adriana Mendonça disse...

Acredito que a geração X vive um momento de grande distância entre as pessoas. Não é mais preciso, por exemplo, o ao vivo pra se apaixonar por alguém, prova disso são milhões de casais que começaram a se sentir íntimos só pelo "afeto virtual". Coloco como situação sinônima o luto virtual; o fato de alguém expressar dor, saudade, sofrimento, ou alívio de imaginar que a pessoa está em um "local melhor" em meio a sua rede de relacionamento onde todos aqueles que se interessarem podem prestar condolência e consolar mesmo estando a quilômetros de distancia. Dessa forma supre uma carência que a própria geração vive e soube assim, conviver com ela.