Título: Claro Como o Dia
Subtítulo: Como a Certeza da
Morte Mudou a Minha Vida
Autor: Eugene O´Kelly
Tradução: Regina Lyra
Assunto: Biografia/Memória
Editora: Nova Fronteira
Data de Lançamento: 2006
Com três tumores no cérebro, Eugene
O'Kelly, ex-presidente mundial da KPMG, usou as habilidades de
executivo para transformar a morte iminente numa experiência
positiva
“O que você faria se soubesse
que seu tempo está acabando? Esta é uma história verdadeira.
Quando foi ao consultório médico no dia 24 de maio de 2005, o
executivo Eugene O´Kelly tinha uma agenda cheia de planos e
projetos, capazes de mantê-lo ocupado durante décadas. Menos de uma
semana depois, teve que reformular radicalmente essa agenda para um
período de cem dias: era o tempo que lhe restava de vida. O´Kelly
tinha câncer cerebral e morreu em setembro daquele ano.”
Diante da morte anunciada, ele não
se desesperou. Ao contrário, considerou-se abençoado por poder
planejar em detalhes seus últimos meses. O curto prazo foi dado
quando Eugene era presidente de uma das maiores empresas de
consultoria do mundo, a KPMG. O fato de ter os dias contados não o
fez perder o hábito de planejar tudo, mas foi mudando sua maneira de
encarar a vida que conseguiu transformar seus últimos dias nos
melhores que já tinha vivido superando o peso da morte anunciada.
O plano de Eugene era utilizar do
seu poder e experiência em administração para planejar cada parte
da sua partida, desde se despedir de tudo até mesmo a criação
desse livro; "Meu projeto era transformar esse período numa
experiência positiva para todas as pessoas próximas, assim como
torná-lo os melhores dias da minha vida", escreveu O'Kelly.
Será que é mesmo possível lidar
com a morte de forma construtiva? Pode-se transformar esse período
terrível no melhor de sua vida? Perguntas essas contraditórias que
para alguém que vive hoje se escondendo do fantasma da morte pode
parecer impossível, mas para alguém como Eugene que estava
convivendo com a chegada “prematura” dessa visita “acidental”
não havia como ignorar. E a melhor escolha, talvez, foi a de
planejar da melhor forma possível. E assim foi feito.
O primeiro passo foi pedir
demissão da empresa, de forma onde a mesma não sofresse com o
distanciamento de um presidente tão talentoso. Eugene participou
diretamente do processo de escolha e adaptação do seu substituto. A
partir daí, planejou em uma folha de papel – com o rascunho já
distorcido pela dificuldade em escrever por conta dos tumores –
todas as tarefas a serem cumpridas nos 3 meses de vidas que poderiam
chegar. Dentre os afazeres estão o funeral (onde até a música foi
escolhida), despedida dos parentes e amigos. O plano era fazer de
cada momento vivido a partir daí fosse um “momento perfeito”, o
que o autor critica que deve ser plano de todos e não só daqueles
com a data final marcada. "Alguns amigos e colegas pareciam
ofendidos com minha atitude pragmática, como se estivesse
negando a possibilidade de um milagre", escreveu ele em sua
autobiografia.
Esse livro aborda principalmente a
morte e o tempo e a forma como lidamos com ambos. A questão
principal apresentada é o fato de estarmos no hoje e não vivemos o
presente. Da mesma forma que o futuro é incerto pra alguém em
estado terminal, como O’Kelly, quanto é para um neonato. Com a
certeza da incerteza fazer com que seja vivido todos os dias da sua
vida. Nas páginas do livro registram-se os prazeres proporcionados
por essa descoberta e até mais do que isso, conta como Eugene se
sentiu orgulhoso ao levar a cabo seu projeto de transformar a morte
na última grande aventura de sua vida.
“Morrer é uma empreitada
difícil” (O’Kelly)
“O último capítulo do livro
teve que ser escrito pela mulher de Eugene O'Kelly, Corinne. Mais do
que ter criado um fundo para auxiliar pacientes com câncer, da
considera que a dedicação dos últimos dias do marido as pessoas
que mais gostava foi a prova de que de fez o melhor que podia.”
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