A morte não é a mesma para todos. Na velhice
ela é mais próxima, pois ao passar pela infância, adolescência,
idade adulta e um pouco da terceira idade, só há um final. No dia
primeiro de outubro comemora-se o dia internacional das pessoas
idosas. Essa data foi criada pela ONU (Organização das Nações
Unidas), então venho aqui nesse dia, refletir um pouco sobre a morte
para essas pessoas.
Por que quando o tempo for seu inimigo e as
linhas de expressão dominar sua face e sua vitalidade não for como
você gostaria, tudo que restará será bons momentos na memória? A
velhice é o fim? Ficará apenas a esperar o fatídico dia?
A morte do idoso começa com a memória, por
ser uma das primeiras coisas que sonda a morte, e traz aquele sentimento
de distância, de uma vida se esvaindo como um espiral se fechando.
Esse espiral é um símbolo recorrente para falar da morte na
terceira idade, pois é o “caminho” desde o nascimento até o
momento do fim, quando a espiral vai fechando e o caminho se
esgotando.
E a capacidade de escolha é influenciada pela
idade avançada? Não necessariamente precisa disso. Porém, hoje,
percebe-se que isso acontece com mais frequência que o contrário.
Pergunte-se por qual motivo um idoso não pode fazer uma escolha tão
radical quanto à de um jovem? Pelo fato de estar à espera da morte?
A boa morte vem daqueles que possuem uma boa vida, morrer faz parte
do viver. Chega um tempo em que a escolha é pequena, por exemplo,
escolher entre uma sopa ou um iogurte, ao mesmo tempo em que a morte
é a escolha que não se pode ter e quanto mais próximo dela se
parece estar, mais as demais escolhas não possuem mais aquela
importância.
A pessoa idosa muitas vezes é mal interpretada como depressiva pelo
fato de se negar a fazer coisas que antes adorava fazer ou que fazia
muito bem. O processo de despedida que pode ser confundido com
depressão. O estabelecimento das despedidas começa com a escolha do
distanciamento devido principalmente a lembrança que o mesmo traz.
Embora pareça cruel é assim que acontece e deve ser entendido como
um processo natural, simples e que é gerenciável. O que era um
estímulo em época que era recém-nascido parece uma despedida na
velhice. A pessoa nova procura conhecer, procurar aprender, procurar
criar a lembrança porque um dia ela vai se distanciar e vai lembrar.
Pessoas que chegam a uma idade mais avançada
ainda têm a chance de perder um ente querido que “deveria”
falecer após ela. Fica aquela dúvida no idoso: “Por que ele e não
eu?”, aquele sentimento de culpa por ter vivido mais e ainda estar
vivo enquanto comparado com a jovialidade do que partiu. É preciso
de força pra conseguir enxugar as lágrimas da saudade que vem bem
mais acentuada para quem não a aceita. É mais do que o vazio da
ausência, é o vazio de uma vida inteira se reduzindo a memórias.
Então grande maioria se deixa morrer.
Julga-se um tempo limitado de prazeres,
enquanto na realidade pode-se viver em qualquer idade, mesmo que as
lembranças estejam na frente dos olhos quase os cegando. E fica a
dúvida: O que é a morte? Apenas um desligar, um apagão? Outro
caminho? O fim de um sofrimento? O encontro com outro que já partiu?
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