Minha Morte, Eu e o Sentido da Vida


Hoje, 07 de agosto, faz 42 anos que vi esse lado da vida pela primeira vez. Tive que deixar outra forma de vida (a uterina), e antes dessa outra, e mais outra até se perder em uma forma de vida informe, numa sucessão de mortes de algumas formas e assunção de outras.


Já se vão 42 anos de anos levados pela morte e agraciados pela vida, afinal, como disse o poeta Mário Quintana:


Minha morte nasceu quando eu nasci...
Despertou, balbuciou, cresceu comigo...
E dançamos de roda ao luar amigo
Na pequenina rua em que vivi

Já não tem mais aquele jeito amigo
De rir que, aí de mim, também perdi
Mas inda agora a estou sentindo aqui,
Grave e boa, a escutar o que lhe digo:

Tu que és minha doce prometida,
Nem sei quando serão nossas bodas,
Se hoje mesmo... ou no fim de longa vida...

E as horas lá se vão, loucas ou tristes...
Mas é tão bom, em meio às horas todas,
Pensar em ti...saber que tu existes!

Não sei quantos anos ainda tenho de vida, e isso me é indiferente, embora espero que sejam muitos. Só espero que possa vivê-los, não comprometê-los em projetos ou com pessoas que acabem sendo mais importantes do que a minha própria existência. Não quero imperativos para a minha vida. Não quero sentidos para o meu viver. A única coisa que quero é quer viver seja o meu imperativo e o meu sentido.

Essa é a lição que quero aprender com a morte, enquanto vivo, sob esta forma, estiver.

Ayala Gurgel

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