IV CONGRESSO INTERNACIONAL DE CUIDADOS PALIATIVOS - EDUCAR PARA PALIAR - CARTA DE INTENÇÕES

Reunir profissionais em evento presencial numa época em que a modernidade nos permite encontros virtuais, comunicação efetiva   por tantos outros meios e publicações possíveis, exige uma justificativa bem fundamentada.
Um Congresso não pode mais ser apenas um amontoado de conferências diversas em torno de um tema central ou de uma área de conhecimento.
Precisa ser um encontro resolutivo, um real acréscimo às nossas experiências, espaço de trocas de conhecimentos, de relacionamentos e de planejamento de estratégias para o crescimento de todos.
Neste sentido, ao eleger o tema Educar para Paliar a Academia Nacional de Cuidados Paliativos – ANCP tem muito clara a sua intenção.
Os Cuidados Paliativos no Brasil vivenciam um momento decisivo. Desde 2005, ano da criação da ANCP, têm experimentado uma grande divulgação, começam a tomar contornos de oficialidade e passam a ocupar espaço cativo em várias outras áreas do conhecimento t anto na área da saúde como no direito, no jornalismo, na arquitetura, filosofia, antropologia, artes e até na esfera legislativa. A verdade é que o tema está em pauta.
Surgem os diferentes interesses e o Brasil começa a acordar para a necessidade de implementar os Cuidados Paliativos nas redes públicas de saúde, em todos os hospitais sejam privados ou públicos e em todos os níveis de atendimento.
Precisamos de uma política de Cuidados Paliativos que dê conta da dimensão e das diferenças deste país. As ações, no entanto, precisam ser coerentes, bem coordenadas e pautadas no melhor conhecimento científico da atualidade, para que não caiamos num retrocesso de conceitos e práticas equivocadas, que devem ter lugar apenas na história da desassistência e da má assistência ainda vivida pelas pessoas no final da vida.
Em recente publicação da World Aliance for Hospice and Palliative Care – WAHPCA – o Brasil ficou em 38% no ranking da qualidade d e morte entre 40 países estudados. Por sua vez, o New England journal of Medicine publicou artigo revolucionário em agosto de 2010 demonstrando cientificamente que a adesão precoce a programa de cuidado paliativo ajudou pacientes com determinado tipo de neoplasia de pulmão a viver mais e com melhor qualidade.
O Conselho Federal de Medicina – CFM se posiciona de forma favorável ao crescimento do Cuidado Paliativo ao criar uma câmara Técnica de Terminalidade da Vida e Cuidados Paliativos, elaborar a resolução 1805/06, incluir o Cuidado Paliativo de forma explícita e repetida na revisão do Código de Ética Médica e ao iniciar uma ampla discussão sobre a Diretiva Antecipada de Vontade.
A construção de uma política de Cuidados Paliativos racional, duradoura e consistente para o Brasil só será possível se de forma paralela e séria construirmos também um saber sólido nesta área. Eis a razão do Educar para Paliar.
De forma intencional os cursos p ré-Congresso serão ministrados pelas três entidades que ensinam Cuidados Palaitivos no Brasil: o Palliare, de Londrina, a Casa do cuidadr e o Instituto Paliar, ambos de São Paulo. As enfermeiras também prepararam um excelente curso sobre gerenciamento de enfermagem em Cuidados Paliaiivos.
O IV Congresso tem início com uma plenária sobre o EPEC–Brasil, uma proposta de promover educação à distância com qualidade e grande abrangência com conteúdo adaptado e direcionado ao Brasil. Ainda no primeiro dia, discutiremos programas de educação para a graduação na Medicina, Enfermagem e Psicologia. Nas duas sessões contaremos com a participação do Dr. Larry Librach, do Canadá, com larga experiência no ensino dos Cuidados Paliativos.
Em parceria com o CFM, ampliaremos a discussão sobre a diretiva antecipada de vontade, discutiremos temas controversos com especialistas de outras áreas, trocaremos experiências com outras especialidaes e áreas de conhecime nto, reuniremos experiências brasileiras de diferentes regiões para melhor integrar o Cuidado Paliativo no Brasil.
Na quinta feira, 7 de outubro haverá um encontro da Psicologia, na busca da definição do saber do psicólogo em Cuidado Palaitivo e, em seguida, um encontro entre profissionais da área psicossocial, no sentido de organizar suas atividades. O Cuidado Paliativo será discutido entre os profissionais como um Direito do Cidadão.
No segundo dia de Congresso as plenárias discutirão a assistência à Terminalidade e uma Política de Medicamentos, marcando a primeira sessão com o Dr Eduardo bruera, que dispensa apresentações.
Enquanto uma discussão sobre as ações paliativas na UTI acontece em parceria com a AMIB, os demais painéis do dia 8 discutem os Cuidados Paliativos em crianças e os problemas relacionados ao envelhecimento.
O segundo dia reunirá os profissionais da área de Reabilitação em torno de suas especificidades e organizaçã o. A Terapia Ocupacional já definiu uma área de atuação em Cuidados Palaitivos. Podemos evoluir em todas as outras áreas da saúde.
As trocas de experiências acontecerão com a presença de mais três importantes serviços no Brasil, de profissionais de Reabilitação e de profissionais gabaritados no emprego de psicofármacos.
Todos os dias, no primeiro horário do Congresso teremos três ou quatro sessões interativas denominadas de encontro com o Professor. Nesta modalidade os congressistas terão a oportunidade de encontro com dois professores numa determinada área de conhecimento para debaterem e tirarem dúvidas sobre a prática clínica e outros temas do dia-a dia. Esperamos proximidade e interatividade nestes encontros.
Na manhã do sábado, o Dr. Eduardo Bruera estará presente na plenária sobre Pesquisa em Cuidados Paliativos, junto com o Dr Henrique Parsons e Ricardo Tavares. A idéia é discutir linhas de pesquisa que podem ser importantes para o Brasil, neste momento.
Depois, O Dr. Bruera fará um encontro especial – uma sessão de 90 minutos para tirar dúvidas clínicas com médicos brasileiros. Enquanto isto as enfermeiras discutem o seu papel na construção dos Cuidados Paliativos.
Mas, o Congresso ainda nos reserva uma grata surpresa. A mesa Cuidado Paliativo e Sociedade será aberta à comunidade. E o tema será desta vez debatido entre pessoas que não são profissionais da área de saúde. Formadores de opinião como a presidente da ABRALE, Merula Steagal, a jornalista Thaís Itaqui e a grande atriz Glória Menezes se encontrarão para contar ao público suas vivências e expectativas.
Será o momento mais cidadão do Congresso. E marcará a nossa comemoração ao Dia Mundial de Cuidados Paliativos. Neste momento, todas as entidades que trabalham com voluntários serão convidadas. O grande auditório será aberto e será a nossa vez de, como bons paliativistas, ouvir. Ouvir o que sabe e o que q uer o brasileiro na assistência ao final da vida.
Tenhamos todos um bom e duradouro encontro.
Silvia Maria de Macedo Barbosa
Presidente da ANCP
Presidente do IV Congresso Internacional de Cuidados Paliativos
 
Dra. Maria Goretti Sales Maciel
Diretora Científica da ANCP
Presidente da Comissão Científica do IV Congresso Internacional de Cuidados Paliativos
 
Dr. Ricardo Tavares de Carvalho
Secretário Geral da ANCP
Presidente da Comissão Organizadora do IV Congresso Inernacional de Cuidados Paliativos

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