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Drogas Ilícitas para uma Boa Morte (Erasmo Ruiz)

 Este post não fará coro aos inúmeros que já existem pela internet num discurso conservador e ultrapassado de ser "contra as drogas" ou de identificar nelas "o inferno na Terra". As posições dicotômicas que são obsevadas no debate "Contra x a Favor" da discriminalização ocultam os muitos caminhos existentes nas interfaces. Como alguém que trabalha com tanatologia e defende a humanização dos cuidados em saúde o que inclui a humanização dos cuidados no  final da vida, sinto-me no dever de trazer uma perspectiva diferente quando pensamos drogas ilícitas como possível meio para implemetnar a qualidade de vida de pacientes tidos como fora de possibilidades terapêuticas.


Quando notamos a presença das drogas ilícitas na imprensa, o que parece ficar destacado é o uso junto a problemática criminal. Terríveis assassinatos estão associados ao seu uso, seja situações onde o homicida estava sob o efeito da droga, seja as inúmeras chacinas onde a mão do tráfico comparece  de forma indelével. Situações de insegurança púbica como as vivenciadas pelo Rio de Janeiro estão sempre super expostas e servem como sianzlizadores evidentes que as atividades no entorno do consumo e venda de drogas seriam responsáveis por uma cadeia sem fim de crimes. Diante da necessidade de consumir e na ausência do dinheiro para tal, teremos a configuração do usuário como um criminoso em potencial, que não medirá esforços para chegar até onde precisa.

Mas quando vozes levantam-se pela descriminalização ou, até em uma atitude mais tímida, pedem uma certa revisão de características psicossociais que estigatizam os usuários e/ou os efeitos fisiológicos das drogas, os meios de comunicação e a maioria das pessoas cerram fileira para inibir essas manifestações. Pois esta é a vantagem de se ter um blog como forma de epressão. Não temos a audiência do Jornal Naconal mas nossa percepção não será suprimida por "zelosos" editores ou será descaracterizada em ilhas de edição.

Por exemplo, você sabia que a maconha pode ser utilizada como um medicamento para reduzir os efeitos colaterais dos quimioterápicos no tratamento de câncer? Ou que a mesma maconha produz bons efeitos no tratamento do glaucoma? Ou que ela é um potente estimulador do apetite? Ou que já foram relatados importantes efeitos analgésicos especialmente indicados para algumas situações pós cirurgicas? Ou que ela pode ser utilizada no controle de espasmos musculares, comuns em situações como as da esclerose múltipla?Ou que o ecstasy é relatado omo importante droga que minimiza os efeitos psiquiátricos do estresse pós-traumático? Ou que a psilocibina (encontrada em alguns cogumelos) pode ser usada no combate de algumas cefaléias e para reduzir ansiedade, notadamente em moribundos?

Mas agora, o que gostaríamos de destacar como mais interessante para a temática deste blog. Drogas estigmatizadas como "ilícitas" podem ser utilizadas para implementar a qualidade de morte repondo sensações de bem estar e ombatendo, a depender dos casos, quadros simtomáticos que causam dor e apatia. No final do post disponibilizamos um link com matéria do jornal "Boston Gobe"  intitulada "A Good Death". Suscintamente, o artigo fala sobre a retomada de pesquisas nos EUA sobre o uso clínico de drogas psicodélicas depois de 40 anos de silêncio.

Algumas coisas são promissoras, por exemmplo, o uso do ecstasy para minimizar os impactos do medo e da ansiedade diante do processo de morrer devolvendo inclusive capacidades virtualmente coprometidas como poder sair da cama, passear e ouvir música entre pacientes fora de possibilidades terapêuticas. Ou seja, podemos e devemos discutir a utilização de todos os meios disponíveis para que pessoas possam lidar o melhor possível com as problemáticas no final da vida.

Assim, por que não atrelarmos à discussão do uso de opiáceos o uso de drogas que possam capacitar a manutençãso de consciência e a alegria de viver o máximo que for possível? Por que em meio a estes debates apaixonados não podemos abrir portas para espaços de interface onde pudéssemos reavaliar de forma radical o sentido das ilicitudes quando pensamos a questão do uso de drogas?

Num mundo mediado por relaçoes econômicas onde a busca da lucratividade é a ordem do dia, falar de drogas que podem ser plantadas no fundo do quintal e que poderiam ser utilizadas para minimizar os efeitos de quimioterápiocos e/ou tornar as pessoas menos ansiosas diante da morte pode, entre outrs coisas, ferir muitos interesses comerciais. Não seria esse o principal motivador de empresas de telecomunicação?

Em nome de proteger os intereses da segurança de nossos filhos, assumem uma postura extremanente repressiva mesmo no que tange a abrir o assunto para discussão. No entanto, são sempre muito solíícitas ao dinheiro da publicidade de bebidas alcoólicas que estimulam o enorme consumo associando suas mensagens às festas e uma vida repleta de alegria e prazer. Claro, em muitas situações trágicas nossos filhos podem morrer ou matar em acidentes de trânsito porque estavam sob forte efeito da bebida alcoólica  ingerida na festa. Era lícito! Mas ate à morte foram preservados dos efeitos nefastos que a discussão sobre o uso das drogas ilícitas poderia produzir.

Pela busca de uma morte mais digna temos que abrir as portas de nossas consciências à novas possibilidades. Por que não analisar o uso de drogas tidas como ilíictas não só da forma como costumeiramente fomos doutrinados a pensar? Existem mais coias entre a licitude e a ilicitude do que poderia pensar nosso estúpido conformismo.  

AQUI vocês podem acessar o artigo do Boston Globe
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