A Árvore – Cada qual com sua forma de superar a dor (Adriana Mendonça)

Título original: (L'Arbre)
Lançamento: 2010 (Austrália, França)
Direção: Julie Bertuccelli
Atores Principais: Charlotte Gainsbourg, Morgana Davies, Marton Csokas, Christian Byers.
Duração: 100 min
Gênero: Drama

O drama começa com a morte de um Pai (Aden Young), arrimo e chefe de uma família com quatro filhos. A filha menor, Simone (Morgana Davies), presencia tudo. Inicialmente, o sofrimento da família enlutada é representado de uma forma bem francesa, com o filme lento, arrastado, mas também muito bonito e dramático.  Simone é a única menina entre os filhos e que com seus oito anos de idade acredita fielmente que o espírito de seu pai ficou na árvore ao lado da sua casa - e junto à qual seu pai morreu de um infarto fulminante enquanto dirigia, voltando de uma longa jornada de trabalho.
Naturalmente, cada um sofre a perda ao seu modo. A esposa fica depressiva, deixando a casa e os filhos de lado, perdida entre o mundo onírico e a realidade de conviver sem o marido, passando os dias inteiros em pesado sofrer. O filho mais velho, Tim, toma às rédeas da casa, tentando assim manter um pouco de ordem, o que se torna quase impossível. Enquanto isso a pequena Simone prefere subir à árvore e ficar horas no local, sentindo a presença do pai. Já o caçula não fala, emudecido em sua própria dor. A soma desses formas gera um ambiente deprimente, mas que se apóia mutuamente, confrontando com os demais problemas que aquela árvore vem trazendo para a estrutura da casa, uma vez que as raízes estavam destruindo os encanamentos, além de os galhos mortos caírem sobre o telhado.



A cada conversa imaginária que Simone tem com seu pai "encarnado espiritualmente" na árvore, ela se torna cada vez mais dependente da Figueira. A mãe, aos poucos tenta refazer sua vida, começa a trabalhar numa loja e se envolve num relacionamento com o dono. Simone não aceita o namoro e ao mesmo tempo tudo se complica quando os vizinhos procuram uma forma de podar a árvore. É quando Simone se recusa a sair da Figueira até que todos resolvam que ela não deve ser retirada do seu local. A mãe cede às vontades da filha e passa a proteger o “amor” que ela sente pela planta, se envolvendo ela mesma também com essa forma de enfrentamento do luto (acreditar que o marido falecido fala com ela por meio da árvore). Essa convivência e forma de enfrentar o luto é não-autorizada e desperta as mais diversas críticas, do amante à vizinhança.
Mas, é a própria natureza que dá sinal de que algo deve mudar, quando chega um ciclone que coloca em cheque o apego que a família desenvolvera pela árvore e o lugar.
Percebe-se então a forma que essa criança tenta conviver com uma perda tão significativa pra ela, quanto para a família que quase se desestrutura com a morte do pai. O filme tenta retratar a vida como ela realmente é, ou como pode ser quando a perda traz uma necessidade de maturidade para prosseguir com a uma vida por mais dolorida que ela esteja.

Adriana Mendonça (aluna da Graduação em Enfermagem da UFMA)

Você pode assistir o trailer do filme aqui
http://www.youtube.com/watch?v=-WM_Pt73SLI&feature=player_embedded




Um comentário:

Elba Gomide Mochel disse...

A situação dramática que o filme traz é da mulher que perde o marido para o infarto, não consegue trazer para si a filha que vive a fantasia de não ter perdido o pai e a hostilidade da vizinhança que não apresentam a menor solidariedade cm a viúva. O relacionamento com o "patrão" é por si mais um desagregador da família que se desfazia e embora caa qual buscasse um eixo de equilíbrio